Estudantes exigem soluções
Os estudantes universitários de Lisboa debateram, no dia 20, os problemas comuns nas faculdades, reclamaram a reposição do passe escolar, um novo regulamento de bolsas e um processo de candidaturas menos burocrático.
Garantir a gratuitidade de todos os níveis de ensino
Em forma de tribuna pública, esta acção inseriu-se na campanha «Mais e melhor acção social escolar», a decorrer desde o início do semestre, e que levou os estudantes a manifestarem-se no dia 15 de Março em frente à Assembleia da República, conquistando, numa dinâmica de luta crescente, o congelamento das propinas máximas e mínimas, que, embora insuficiente, é uma prova de que só através da mobilização se consegue algo.
Desta vez, os estudantes reuniram-se na Cidade Universitária, junto à Cantina Velha, onde defenderam a necessidade de garantir a gratuitidade de todos os níveis de ensino, como diz a Constituição da República Portuguesa, e mais financiamento para a Acção Social.
Nesta iniciativa reivindicaram ainda a reposição do desconto de 50 por cento no passe dos transportes públicos a todos os estudantes, mais e melhores bolsas que façam corresponder o seu valor aos reais gastos dos estudantes no Ensino Superior, para além de um processo de candidatura mais rápido e menos burocrático, a passagem das cantinas para os serviços de Acção Social, a redução do preço do prato social e a gratuitidade do mesmo para estudantes bolseiros e mais residências e melhores condições nas já existentes.
Alterar o rumo
Em nota de imprensa, a Direcção da Organização do Ensino Superior de Lisboa da JCP salienta que naquela acção, ao serem partilhados os problemas das faculdades, «foi possível verificar-se as condições precárias das instituições do Ensino Superior e a necessidade de alterar o rumo das políticas a nível educativo até agora praticadas», assim como «as insuficiências materiais e humanas em todas as faculdades».
Os jovens comunistas reafirmam, por isso, seu compromisso «com a luta dos estudantes, por um Ensino Superior público, gratuito, democrático, de qualidade e para todos» e lançam o apelo «a que se continue com as lutas nas faculdades, pois só através da mobilização e da luta é que se consegue repor e conquistar os direitos que nos foram retirados».
Privatização da FCSH-UNL
No dia 21, os estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL) concentraram-se em protesto contra o aumento das propinas na faculdade e contra a passagem da UNL a fundação.
Em causa está o facto de a direcção da FCSH ter anunciado o aumento de 100 euros das propinas para os alunos de mestrado e doutoramento e de 500 euros para alunos internacionais – argumentando que este aumento servirá para a criação de bolsas de estudo para alunos com dificuldades financeiras.
Os estudantes contestam, de igual forma, a passagem da UNL a fundação, um golpe no Ensino Superior público, ao permitir a intervenção de entidades privadas no financiamento e, por conseguinte, na gestão da universidade. Na sua opinião, trata-se de mais um passo no caminho da privatização total, que terá consequências negativas para toda a comunidade académica, bem como para a investigação.
Mais financiamento para as escolas
Os estudantes da Escola Básica D. Fernando II, em Lisboa, estiveram em luta, no dia 19, para exigir melhores condições. A acção decorreu dentro e fora da instituição, uma vez que os estudantes foram impedidos, pela direcção, de sair do recinto escolar.
O protesto serviu para denunciar que a sua escola não tem condições. Segundo relatam os estudantes, existem paredes esburacadas, casas de banho sem porta, chove no pavilhão de educação física, as salas de aula têm humidade e falta papel higiénico.
Também os estudantes da Escola Básica 2+3 de Moura exigiram, no mesmo dia, mais financiamento e obras na escola. Queixam-se da existência de ratos, mas também de vidros partidos, falta de funcionários, paredes e infra-estruturas em mau estado e computadores avariados.