Alston em liquidação
Mais de 2500 trabalhadores da ex-Alstom (agora General Electric) de vários países europeus manifestaram-se, dia 8, em Paris, em defesa dos postos de trabalho.
General Electric destrói capacidades da Alston
Frente à sede europeia da multinacional norte-americana, no centro da capital gaulesa, onde se concentraram os manifestantes, lia-se num cartaz em francês: «Parem o massacre de empregos, 108 anos de história industrial lançados para o lixo».
Outros dísticos em inglês ou alemão exigiam o cumprimento das promessas e o fim dos despedimentos.
Esta foi a primeira jornada de luta transnacional dos trabalhadores do conglomerado, que culminou uma série de acções realizadas nos últimos meses na Alemanha, França, Espanha, Áustria, Bélgica, República Checa, Suécia e Suíça.
Em simultâneo, no âmbito do «Dia de Acção na UE», realizado sob a égide da federação internacional de sindicatos IndustriAll Europe, tiveram lugar greves e concentrações em cerca de 40 unidades do grupo em diferentes países europeus.
Em causa está o plano de reestruturação comunicado aos sindicatos em 13 de Janeiro, apenas dois meses depois de a General Electric ter comprado o ramo industrial da energia do grupo francês Alstom, com promessas de criação de empregos e desenvolvimento das actividades.
Porém, foi o inverso que fez. O plano prevê a extinção de 6500 postos de trabalho, num universo de 35 mil trabalhadores da antiga Alstom/energia. Mas há o receio de que se trate apenas da primeira fase de um processo mais amplo, que visa o desmantelamento de grande parte das actividades industriais no ramo da energia.
Por isso, desde o início do ano, os sindicatos têm vindo a exigir que a multinacional revele as suas verdadeiras intenções, alertando que as decisões conhecidas causam um dano irreversível à capacidade produtiva e viabilidade industrial do grupo na Europa.
Ásia no horizonte
Além de pretenderem a suspensão dos cortes de pessoal, os sindicatos exigem que o grupo apresente um projecto industrial estratégico a longo prazo, com a previsão de investimentos em investigação e programas de inovação. Sem novos investimentos, sublinham os sindicatos, todas as unidades do grupo estão ameaçadas.
Todavia, os novos donos alegam problemas de competitividade das unidades na Europa, especializadas na produção de turbinas, centrais eléctricas, e outros equipamentos relacionados com a produção e transporte de energia.
«O nosso mercado deslocou-se para a Ásia e temos de nos adaptar para conquistar quotas de mercado. As decisões são dolorosas mas necessárias», declarou à AFP Nicolas Jacqmin, director de recursos humanos para a Europa da General Electric.