Lei dos Baldios

Travadas mexidas negativas

O Par­la­mento aprovou, dia 5, o pro­jecto de re­so­lução do PCP para a ces­sação de vi­gência do di­ploma apro­vado pelo an­te­rior go­verno (D.L. n.º 165/​2015, de 17 de Agosto) que re­gu­la­menta a Lei dos Bal­dios.

Esta ini­ci­a­tiva da ban­cada co­mu­nista (PEV e BE en­ce­taram di­li­gência igual), adop­tada no quadro da apre­ci­ação par­la­mentar àquele di­ploma re­a­li­zada também a seu pe­dido, tem em vista anular a re­gu­la­men­tação ao texto le­gis­la­tivo que, em 2014, in­tro­duziu al­te­ra­ções à Lei dos Bal­dios.

Se essas graves al­te­ra­ções foram já então vistas como al­ta­mente ne­ga­tivas – tendo por isso sido ob­jecto da mais firme opo­sição do PCP –, o certo é que a sua re­gu­la­men­tação pos­te­rior não só não aportou ne­nhuma me­lhoria como, pelo con­trário, ainda veio «agravar» al­guns as­pectos.

Dando exem­plos que ilus­tram essa «di­ver­gência de fundo» que se­para a sua ban­cada das op­ções to­madas pelo exe­cu­tivo an­te­rior na re­gu­la­men­tação desta lei, o de­pu­tado co­mu­nista João Ramos re­feriu o caso da norma que es­ta­be­lece que o Es­tado deve ser res­sar­cido do in­ves­ti­mento feito nos bal­dios, mesmo quando esse in­ves­ti­mento não foi ob­jecto de dis­cussão entre os dois ges­tores (Es­tado e en­ti­dade ti­tular do baldio) e foi su­por­tado com re­ceitas ob­tidas pelos bal­dios. Já quanto aos bal­dios que o Es­tado pre­tende en­tregar sem ac­tivos flo­res­tais, de­pois de 40 anos de gestão, «aí não se prevê que o Es­tado com­pense a en­ti­dade ges­tora do baldio», anotou o par­la­mentar do PCP, pondo em evi­dência a in­justa du­a­li­dade de cri­té­rios.

Pe­rante a con­tes­tação das ban­cadas da di­reita – «é voltar atrás», disse Abel Bap­tista (CDS), que in­vocou ainda a cons­ti­tu­ci­o­na­li­dade das normas, tal como fi­zera antes Pedro do Ó Ramos (PSD), de­fensor de que as «re­ceitas avul­tadas» dos bal­dios por «ques­tões hí­dricas e eó­licas» devem be­ne­fi­ciar «todos os fre­gueses e não só os com­partes» –, João Ramos não deixou de con­si­derar «en­ter­ne­cedor» ver o CDS, que votou contra a Cons­ti­tuição, «agarrar-se» a esta para des­ferir um ataque aos bal­dios. «E o acordão do Tri­bunal Cons­ti­tu­ci­onal não torna mais justa a vossa de­cisão», re­feriu, di­ri­gindo-se às ban­cadas mais à di­reita do he­mi­ciclo, a quem disse ainda nunca lhes ter visto antes idên­tica pre­o­cu­pação pela dis­tri­buição das re­ceitas quando os bal­dios ser­viam so­bre­tudo para apas­centar o gado. «Agora que pode dar outro tipo de ren­di­mento, aqui d' Rei que os povos não podem gerir os seus bal­dios», frisou, antes de acusar PSD e CDS de terem to­mado um con­junto de de­ci­sões para servir os in­te­resses das in­dús­tria da pasta de papel, com a lei da eu­ca­lip­ti­zação e com a lei de al­te­ração dos bal­dios.

Re­corde-se que essa al­te­ração teve ex­pressão na al­te­ração do con­ceito de com­parte, no ali­geirar do pro­cesso de ex­tinção de bal­dios (deixou de ser exi­gida a de­cisão de um tri­bunal), tendo ainda aberto a pos­si­bi­li­dade de os bal­dios es­tarem aces­sí­veis ao co­mércio ju­rí­dico.

Daí que im­porte agora, como fez questão de su­bli­nhar João Ramos, tra­ba­lhar com vista a uma al­te­ração à Lei dos Bal­dios que «sal­va­guarde o di­reito dos povos à uti­li­zação dos seus bal­dios en­quanto pro­pri­e­dade co­mu­ni­tária».




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