Arrogância colonial
O deputado do PCP no Parlamento Europeu, João Ferreira, insurgiu-se na semana passada como o que considerou ser uma «inqualificável operação de pressão e de chantagem que visa condicionar o Orçamento do Estado português para 2016». Acusando a Comissão Europeia de querer «perpetuar o caminho de empobrecimento, exploração e esbulho que foi seguido nos últimos anos», e que o povo português rejeitou nas últimas eleições legislativas, o deputado comunista dirigiu-se directamente ao presidente Jean-Claude Juncker para lhe lembrar que a Constituição da República Portuguesa diz ser da «exclusiva competência da Assembleia da República» legislar sobre o regime geral de «elaboração e organização dos orçamentos do Estado». «Acalme lá os seus burocratas», acrescentou. Realçando que o que estava em causa no esboço do OE para 2016 era o cumprimento de «compromissos assumidos com o povo português», a devolução de uma parte do que lhe havia sido roubado nos últimos anos e a interrupção do caminho de afundamento do País, o deputado comunista sublinhou que no momento em que estes justos objectivos, ainda que «modestos e limitados», entram em contradição com as regras e os constrangimentos da União Europeia, isso «diz muito daquilo em que tudo isto se tornou: um projecto condenado e sem futuro, que não deixará saudades».