Processo bolivariano a votos
Cerca de 19,5 milhões de venezuelanos elegem no próximo domingo, 6, os 167 deputados deputados à Assembleia Nacional. A campanha eleitoral que termina hoje foi um batalha contra a ingerência imperialista e a mentira.
Intensa ofensiva político-mediática visou denegrir a Venezuela
A jornada iniciada a 13 de Novembro ficou marcada pela intensificação da ofensiva político-mediática visando denegrir o país. Os bolivarianos agregados no Grande Pólo Patriótico procuraram contrariá-la lançando-se no contacto de massas, casa-a-casa, sublinhando as inegáveis conquistas alcançadas nos domínios da saúde, educação, cultura, habitação, salários, direitos laborais e sociais ou posse e exploração dos recursos naturais como condição da soberania. O objectivo era envolver 1,5 milhões de militantes e que cada um abordasse directamente dez pessoas.
No pólo oposto, o último episódio de uma longa guerra de desgaste desencadeou-se a propósito da morte de um dirigente do partido Acção Democrática (AD), Luis Manuel Díaz, durante um comício a 160 quilómetros da capital, Caracas. A oposição responsabilizou os bolivarianos pelo sucedido. Dois dias depois, a 26 de Novembro, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, desafiou-a a entregar provas ao Ministério Público e realçou que as autoridades judiciais detinham elementos que indicavam ter-se tratado de «um ajuste de contas entre grupos criminosos».
Posteriormente, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Delcy Rodríguez, adiantou que o secretário da AD tinha conhecidas ligações ao bando «Los Plateados», envolvido numa série de delitos, incluindo execuções, e, por isso, considerou «falsa» e reflexo de «má-fé e desespero» a ingerência norte-americana na matéria, concretizada através de declarações de um porta-voz do Departamento de Estado.
Washington não se pronunciou aquando do assassinato do estudante e militante bolivariano Eleazar Hernández, a 1 de Novembro, na Universidade de Zúlia. A duplicidade tem sido notada pelo governo liderado por Nicolás Maduro, que sublinha o «assédio imperialista» a que tem estado sujeito o país.
Imperialismo
não olha a meios
Nesse assédio que os bolivarianos garantem contar com poderosos aliados internos, incluem-se provocações como a violação do espaço aéreo venezuelano por parte de um avião da guarda costeira norte-americana, a 8 de Novembro; acusações de envolvimento em tráfico de droga visando figuras cimeiras do Estado – o presidente do parlamento, Diosdado Cabello, foi disso alvo e um afilhado e um sobrinho de Nicolás Maduro encontram-se detidos nos EUA por pretensa «conspiração» para introduzir cocaína no território –, ou o suborno de um procurador da República, Franklin Nieves, para «denunciar» a suposta cabala montada a fim de condenar Leopoldo López, líder do partido Vontade Popular que foi sentenciado a quase 14 anos de prisão por comprovadas responsabilidades na onda de violência terrorista que, em 2014, provocou 43 mortos e cerca de 800 feridos. Neste contexto, sobressai a tentativa de titular a Venezuela de nação autocrática e violadora dos direitos humanos.
Nesse sentido, procuraram impedir a Venezuela de se manter no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, o que não foi conseguido, tendo o país sido reeleito em Setembro deste ano. Nicolás Maduro deslocou-se dia 12 de Novembro ao CDH da ONU, presença oficial naquele órgão que foi antecedida do anúncio, em Madrid, dia 11, por parte de «figuras da oposição», da apresentação de uma queixa por «crimes contra a humanidade» no Tribunal Penal Internacional.
Na reunião em Genebra, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Al Hussein, veiculou eixos centrais da campanha anti-bolivariana: parcialidade da Justiça, desprotecção da «oposição», etc. O chefe de Estado bolivariano manteve porém a serenidade e frisou o apoio e reconhecimento da ONU na construção de um estado social, de direito, Justiça e democracia na Venezuela. Lembrou, ainda, que o governo está a conseguir resistir à guerra económica e, mesmo considerando a queda dos preços do petróleo em 64 por cento durante este ano, que «a Venezuela vai encerrar 2015 com cifras recorde de redução da pobreza».
Na guerra a verdade
é a primeira vítima
A insistência na manipulação do tema dos direitos humanos com o propósito de «isolar a Venezuela», como na ocasião também assinalou Nicolás Maduro, tinha já sido sinalizada quando uma alta patente militar norte-americana admitiu intervir no país devido às graves carências económicas que supostamente estariam a atingir a esmagadora maioria da população. Mais recentemente, um «estudo» apresentado com a chancela de três instituições de Ensino Superior, entre as quais a Universidade Católica Andrés Bello, concluiu que aproximadamente três quartos dos venezuelanos vivem em condições de pobreza.
Sem ocultar que a sabotagem, o açambarcamento, a especulação e tráfico de bens de primeira necessidade têm tido efeitos nefastos no quotidiano e condições de vida de milhões de pessoas (tanto mais que o governo bolivariano adoptou iniciativas articuladas de fiscalização sobre preços e articulação da produção; de combate ao crime organizado, realçando-se o desmantelamento de mais de uma centena de bandos e o impedimento de entrada de grupos paramilitares oriundos da Colômbia, ou a imposição de uma situação de excepção nos municípios fronteiriços com aquele país vizinho, para onde eram canalizadas toneladas de géneros que escasseiam nas prateleiras dos cerca de 22 mil mercados e unidades de retalho populares), os dados de organizações das Nações Unidas como a Agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura e a Organização Mundial de Saúde desmentem a versão do «estudo». Constatam, pelo contrário, que a Venezuela foi dos poucos países a cumprir, antecipadamente, as principais metas do milénio, reduzindo drasticamente os índices de pobreza e desnutrição.