Síria critica EUA
Quem ataca a aliança entre a Síria e a Rússia na luta contra o terrorismo está a procurar pretextos para não o combater, afirmou em Genebra o presidente do parlamento sírio, Mohamad Yihad al-Laham.
Os membros do ELS e da Frente al-Nusra «são irmãos»
A única forma de erradicar o terrorismo no Médio Oriente é através de uma estreita coordenação dos ataques militares com os governos da Síria e do Iraque, como está a ser feito pela Rússia, advoga o presidente da Assembleia do Povo (parlamento). Intervindo no domingo, 25 de Outubro, na Assembleia da União Interparlamentar realizada em Genebra, na Suíça, Al-Laham sublinhou que os ataques da «coligação internacional» liderada pelos EUA, alegadamente para combater o auto-denominado grupo Estado Islâmico (EI), não só não impediram o aumento das actividades terroristas naqueles dois países, como se mostraram incapazes de travar o recrutamento e infiltração de mercenários estrangeiros nas fileiras da organização.
Ainda segundo o parlamentar, citado pela agência de noticias SANA, a principal consequência dos ataques encabeçados por Washington tem sido a destruição das infra-estruturas do país. Foi justamente o que aconteceu no fim-de-semana de 24 e 25 de Outubro, em Alepo, em que aviões da «coligação internacional» bombardearam pela segunda vez várias estações eléctricas, deixando quase toda a cidade sem luz. Coincidência ou não, o ataque ocorreu justamente numa altura em que forças terrestres governamentais sírias, apoiadas por milícias dos Grupos de Defesa Popular e pela força aérea, conseguiram recuperar o controlo das povoações de al-Wadeehi, al-Sbeihiyeh, al-Qadara, al-Hweijeh e al-Jaberiyeh na província de Alepo, estando agora a proceder à desactivação de engenhos explosivos deixados pelos terroristas em casas, edifícios e estabelecimentos públicos.
Al-Laham responsabilizou ainda os países ocidentais envolvidos no conflito sírio pelo agravamento da situação no Levante e pela crise migratória com que a Europa está hoje confrontada.
ELS integra Frente al-NusraAbu Hashem, um dos dirigentes do chamado Exército Livre Sírio (ELS) na província de Idleb, anunciou entretanto que 13 membros da sua organização se juntaram ao grupo terrorista Frente al-Nusra, o braço armada da Al-Qaeda na Síria, para um «intercâmbio de experiências». Através de um dos sítios digitais do ELS, citado pela Prensa Latina, Abu Hashem acrescenta que os membros do ELS e da Frente al-Nusra «são irmãos», não existindo diferenças entre os seus objectivos, pois partilham um inimigo comum que é o governo liderado pelo presidente Bashar al-Assad.
Criado pela CIA e contando com o apoio dos serviços secretos franceses e a assessoria de membros da Legião Estrangeira gaulesa, o ELS é uma organização militar considerada pelos EUA como fazendo parte da «oposição moderada» ao governo de Damasco. Com a entrada em cena da Frente al-Nusra, que não quer concorrência, o ELS perdeu protagonismo, tal como outros grupos de oposição a Bashar al-Assad apoiados e armados pelas potências ocidentais, Turquia, Catar e Arábia Saudita, e muitos dos seus membros juntaram-se com o respectivo armamento aos terroristas.
Ao contrário do que tem sucedido com os ataques levados a cabo pela força aérea russa, o «combate ao terrorismo» conduzido por Washington tem-se revelado um autêntico fracasso.