A coligação «Juntos pelo Sim» venceu as eleições autonómicas realizadas, dia 27, na Catalunha, cujo resultado constitui o prenúncio de uma clamorosa derrota do PP nas eleições gerais em Espanha, que terão lugar dentro de dois meses.

Constituída pela Convergência Democrática, de Artur Mas, presidente regional cessante, Esquerda Republicana, Democratas da Catalunha e Movimento de Esquerdas, a formação vencedora obteve 39,6 por cento dos votos (1,6 milhões de sufrágios) e 62 deputados, num hemiciclo de 135 lugares.

A estes poderão juntar-se os deputados da Candidatura de Unidade Popular, formação independentista de esquerda, que quase triplicou a sua votação, passando de 3,5 por cento e três deputados, em 2012, para 8,2 por cento e dez deputados.

Porém, se é inquestionável a vitória dos partidos independentistas, já a tentativa de transformar as eleições regionais num plebiscito à autodeterminação teve um resultado menos claro, pois cerca de metade dos eleitores votou em partidos que defendem a unidade do Estado espanhol ou pelo menos não apoiam a declaração unilateral de independência, como prometida por Artur Mas, antes defendendo, por exemplo no caso da Esquerda Unida e Alternativa, um processo constituinte que leve à criação da República Catalã e à sua inserção numa futura República Federal dos Povos de Espanha.

De resto, parece também fora de dúvida que a questão da independência polarizou a sociedade catalã: a taxa de participação atingiu o máximo histórico de 77,5 por cento.

Na refrega, o Partido Popular foi particularmente golpeado. Perdeu oito deputados, dos 19 eleitos em 2012, e quase 127 mil votos, descendo de 13 para 8,5 por cento.

Também o Partido Socialista caiu de 14,4 para 12,7 por cento, perdendo quatro dos seus 20 deputados.

O principal beneficiário da rejeição das políticas do governo de Madrid, e em geral dos partidos que têm governado a Espanha nas últimas quatro décadas, foi o partido Ciudadanos, que subiu de 7,6 para 17,9 por cento, elegeu 25 deputados, contra nove em 2012, afirmando-se como a segunda força no parlamento catalão.

Por seu lado, a «Catalunha Sim É Possível» reproduziu a candidatura unitária da Plataforma Barcelona em Comum que, em Maio passado, conquistou o município da capital catalã.

Juntando a Iniciativa pela Catalunha/Verdes (ICV), Esquerda Unida e Alternativa (EUiA), Podemos e Equo, a coligação não foi muito além do universo de votantes que, em 2012, apoiaram a ICV-EUiA.

Apesar de ter obtido mais cerca de seis mil votos, caiu em percentagem (de 9,9% para 8,9%) e perdeu dois dos 13 deputados eleitos há quatro anos.