Este é o «êxito» dos sacrifícios
Os dados do INE relativos ao défice e à dívida confirmam a «falência e o desastre» da política do Governo, afirmou Jerónimo de Sousa ontem ao final da manhã.
O combate ao défice é um pretexto para impor o empobrecimento
«Hoje, mais do que nunca, impõe-se romper com este rumo e com aqueles que o querem perpetuar», realçou o Secretário-geral do PCP numa declaração aos jornalistas para comentar a divulgação, pelo Instituto Nacional de Estatística, dos dados sobre a evolução do défice das contas públicas em 2014, que se situará nos 7,2 por cento. Para o dirigente comunista, estes dados revelam que «três anos passados de saque ao povo e ao País temos um défice idêntico ao de 2011».
Jerónimo de Sousa acrescentou ainda outra informação relevante: «a tal dívida que Passos Coelho diz que anda a abater, afinal tem vindo a crescer oito milhões de euros por dia», segundo adiantou na segunda-feira o Banco de Portugal. Ou seja, sublinhou, após vários anos de «roubo nos salários, reformas e pensões, aumento brutal de impostos sobre o trabalho, cortes e mais cortes na saúde dos portugueses, na educação, na Segurança Social, na cultura», estes números são uma «contundente prova daquilo que, com clareza, denunciámos e prevenimos: a actual política prosseguida por PSD e CDS, e que o PS acompanha, assente na ditadura do défice e na submissão aos critérios do euro e do Tratado Orçamental, é um desastre nacional».
O Secretário-geral do Partido realçou ainda que depois de quatro anos de extorsão de salários, pensões e direitos, a «conversa sobre o êxito dos sacrifícios» esfumou-se. Ficou uma vez mais claro que «os interesses da banca e os seus negócios e fraudes falaram mais alto do que os interesses do povo e do País».
Sacrifícios para quê?
Para Jerónimo de Sousa, os portugueses têm razão para «olhar perplexos e com indignação para os resultados desta política», acrescentando ser hoje mais claro que o «combate ao défice» não é mais do que um pretexto para justificar a política de retrocesso económico, social e civilizacional determinada pelo grande capital, apostado em transferir para a especulação financeira os «magros rendimentos» dos trabalhadores e do povo.
Numa clara referência às eleições de 4 de Outubro, o dirigente do PCP sublinhou que «amanhã, se os portugueses os deixarem, cá estarão com os mesmos argumentos de ontem e de hoje a renovar a necessidade de novos e mais brutais sacrifícios para baixar o tal défice e assim continuar a espiral de ataque à já fragilizada vida dos portugueses». Se pudessem, estes ou outros com objectivos semelhantes, «lá regressariam mais roubos e a continuação do assalto aos rendimentos dos trabalhadores e do povo».
Perante esta realidade, garantiu Jerónimo de Sousa, a vida «deu razão ao PCP».
Caminho alternativo
Reafirmando a convicção de que «Portugal não pode continuar sujeito e amarrado aos constrangimentos do Tratado Orçamental e da Governação Económica e de uma dívida insustentável, que inviabilizam o desenvolvimento soberano do País e condenam Portugal e os portugueses à ruína», Jerónimo de Sousa insistiu na necessidade imperiosa de romper com este rumo e com as forças políticas que o pretendem prosseguir e perpetuar.
Para o dirigente comunista, «só a CDU assume uma política de ruptura com as políticas e orientações da União Económica e Monetária e com os seus constrangimentos de domínio neocolonial. Como só a coligação PCP-PEV assume a necessidade de libertar o País do «colete-de-forças de uma política que não deixa espaço à renegociação da dívida» e de afirmar uma política alternativa patriótica e de esquerda que, «com coragem e coerência, inscreve os interesses do País e do povo português como objectivo nuclear».