Violência xenófoba
Grupos neonazis envolveram-se, no sábado, 22, em confrontos com a polícia para impedir a instalação de imigrantes num centro de refugiados nos arredores de Dresden.
Os centros de refugiados são alvo dos neonazis
As acções violentas foram promovidas pelo Partido Nacional Democrático (NPD), cujos membros provocaram confrontos, lançando pedras, garrafas e petardos contra os agentes da polícia que protegiam os recém-chegados.
Segundo o diário Bild, citado pela Prensa Latina, os manifestantes neonazis levaram consigo crianças, incitando-as a gritar consignas xenófobas.
Durante a acção, os adeptos do NPD tentaram bloquear a estrada, mas a manobra foi impedida pela polícia. Nos confrontos 31 agentes ficaram feridos, um deles com gravidade.
Também na cidade de Heidenau (Baixa-Saxónia) ocorreram confrontos entre a polícia e manifestantes de extrema-direita que protestavam contra a abertura de um centro de acolhimento de refugiados
Face ao surto de violência, a chanceler alemã, Angela Merkel, que tem sido criticada pelo seu silêncio, condenou, na segunda-feira, 24, «os incidentes e a atmosfera xenófoba».
Através de um porta-voz, a chefe do governo qualificou de «repugnante a forma como extremistas de direita e neonazis procuram difundir a sua mensagem de ódio e é vergonhoso que até famílias com crianças os apoiem marchando a seu lado». E garantiu que o país não vai deixar que refugiados sejam «recebidos com palavras de ódio e gritos de embriagados».
Fenómeno alarmante
As autoridades contabilizaram este ano pelo menos 200 actos de agressão contra centros de refugiados, número que tem vindo a aumentar com o crescente afluxo de imigrantes.
Ao longo do ano, a imprensa alemã noticiou vários casos de fogo posto em casas ou abrigos para refugiados e, em Julho, um campo de acolhimento da Cruz Vermelha instalado em Dresden para abrigar 800 refugiados sírios foi igualmente atacado.
A vaga de xenofobia tem sido aproveitada pelo movimento anti-islâmico PEGIDA, criado na cidade de Dresden, que este ano já chegou a juntar 250 mil manifestantes.
O governo alemão calcula que até ao fim do ano o número de solicitantes de asilo atinja os 800 mil, ou seja, quatro vezes mais do que no ano anterior.
A maioria dos imigrantes é oriunda da Síria, Iraque, Afeganistão, Líbia e Paquistão.
Já em 2014, segundo uma resposta escrita do Ministério do Interior alemão a um deputado dos Verdes, os crimes xenófobos aumentaram quase 40 por cento na Alemanha.
Quase metade das ocorrências (61 de 130) teve lugar no Leste do país. Os dados, divulgados dia 18, dizem respeito tanto a ataques contra imigrantes como contra cidadãos alemães de origem estrangeira.