Maioria contra o bloqueio
O bloqueio a Cuba implementado há mais de meio século por sucessivos governos norte-americanos, com o objectivo de liquidar a revolução cubana, é cada vez mais uma «pedra no sapato» da Casa Branca e do Congresso dos EUA. O editorial do New York Times desta segunda-feira, 3, dedicado ao tema, sublinha o falhanço da política seguida desde 1962 em relação a Havana, e revela que com o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países uma maioria significativa de norte-americanos e a esmagadora maioria de cubanos advogam o fim do bloqueio. Está na hora de o Congresso ajudar a mudar a política face a Cuba, refere o texto, que assinala o facto de um número crescente de deputados, quer republicanos quer democratas, ter vindo nas últimas semanas a dar passos prometedores nesse sentido.
Neste âmbito, assinala o jornal, Tom Emmer, republicano de Minnesota, e Kathy Castor, democrata da Florida, apresentaram a semana passada um projecto de lei na Câmara de Representantes para que se levante o bloqueio. O periódico nova-iorquino regista também a aprovação, no final de Julho, de uma emenda que facilita as viagens turísticas de cidadãos norte-americanos a Cuba, bem como outras medidas relativas a trocas comerciais.
O editorial do New York Times dá ainda conta da recente sondagem realizada pelo Pew Research Center, publicada a 21 de Julho, segundo a qual 72 por cento dos norte-americanos dizem apoiar o fim do bloqueio, contra os 66 por cento que em Janeiro se pronunciavam nesse sentido. O mesmo estudo revela que 55 por cento dos republicanos conservadores apoiam agora o fim do bloqueio, contra 40 por cento em Janeiro, e que 34 por cento dos potenciais votantes de ascendência latina favoreceriam um candidato que prossiga a política de normalização das relações com Cuba, enquanto apenas 14 por cento se manifestam em sentido contrário. De sublinhar ainda que, entre os cubano-americanos, 40 por cento apoiariam um candidato empenhado no estabelecimento de relações normais entre os dois países, enquanto 26 por cento se manifestam contra. Este aspecto, afirma o jornal, deve ser tido em consideração pelos legisladores cubano-americanos, os maiores opositores ao fim do bloqueio e ao restabelecimento das relações entre os EUA e Cuba.