Luta reforçada pela esfera pública
A luta contra as privatizações e a defesa dos postos de trabalho e da contratação colectiva presidiram a várias acções realizadas nos últimos dias pelos trabalhadores dos transportes. Hoje, ferroviários no activo e reformados concentram-se em Lisboa.
Os trabalhadores não desistem da luta contra as privatizações
No dia 10, os trabalhadores da EMEF do Entroncamento estiveram em greve por um período de duas horas, para denunciar a privatização da CP Carga e EMEF, a fusão da REFER com a Estradas de Portugal, o desmembramento do que ainda resta da da CP, bem como o roubo dos salários e dos direitos. Em plenário, decidiram cortar a via férrea e interromper a circulação. No mesmo dia, idêntica acção teve lugar na vigília que trabalhadores ferroviários, dirigentes, delegados e activistas sindicais levaram a cabo na Estação de Santa Apolónia, em Lisboa.
Os trabalhadores da EMEF do Entroncamento voltaram a fazer greves de duas horas no dia 13 e ontem, 15; hoje, os da CP Carga cumprem uma paralisação de 24 horas, por forma a participarem na concentração que o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (CGTP-IN) agendou para Lisboa, frente à sede da CP, contra a entrega da EMEF e da CP Carga aos privados, em defesa da ferrovia pública e dos direitos.
A decisão do Conselho de Ministros, dia 9, de passar à fase de negociação com os eventuais compradores de ambas as empresas – três no caso da CP Carga, um no da EMEF – deve constituir «um motivo acrescido» para o reforço da luta pela manutenção destas empresas na esfera pública, sublinhou a Fectrans em comunicado. Também o PCP denunciou este processo, exigindo o seu imediato cancelamento (ver página 14).
Ainda no âmbito das acções de luta divulgadas pela Fectrans contra as privatizações para este mês, os trabalhadores da exploração e os das oficinas do Metro de Lisboa realizaram plenários a 13 e 14, respectivamente.
Almada contra concessões
A União de Sindicatos de Setúbal (USS/CGTP-IN) e a Plataforma da Península de Setúbal em defesa do Serviço Público de Transportes anunciaram, dia 8, diversas acções de sensibilização contra a concessão da Transtejo e da Soflusa a empresas privadas.
Numa conferência de imprensa realizada no Fórum Romeu Correia, Luís Leitão, da USS, disse ser propósito das entidades promotoras «informar a população das consequências da concessão dos transportes públicos a privados» e «alertar os trabalhadores para a necessidade de lutarem pela defesa dos seus postos de trabalho»; para tal foi agendada a realização de tribunas públicas junto ao cais fluvial de Cacilhas, no Seixal, no cais do Barreiro e no Montijo.
Luísa Ramos, da Comissão de Utentes dos Transportes da Margem Sul, manifestou a sua preocupação com «a diminuição da oferta e o aumento de preço», tendo sublinhado que a privatização de outras empresas de transportes da região, como os TST, e a concessão do comboio da ponte 25 de Abril e do Metro Sul do Tejo resultaram na prática de preços mais elevados do que os praticados por empresas do sector público. Como exemplo, referiu a diferença de preços entre os passes mensais na Fertagus (privada) e na CP (pública): 41,10 euros/29,80 euros para uma distância de 12 quilómetros; 68,30 euros/47,75 euros para 23 quilómetros.
Por seu lado, Joaquim Judas, presidente da Câmara de Almada – município que também integra a Plataforma –, mostrou-se preocupado com a entrada em vigor do novo Regime Jurídico do Transporte Público de Passageiros, que, referiu, poderá acontecer já em Setembro, transferindo para os municípios a responsabilidade do pagamento das indemnizações compensatórias pelo serviço público prestado pelas empresas de transporte rodoviário de passageiros.