Acessórios

Jorge Cordeiro

Com chamada de primeira página num conhecido semanário ficámos a saber que PSD e CDS, agora formalmente coligados, alugaram «a meias» uma sede de campanha, com a particularidade de se situar em local propriedade de um fundo imobiliário. A relevância da notícia é, em parte, questionável. Que a coligação, fruto de um estado de necessidade para procurar esbater a dimensão da derrota que aguarda os dois paridos da actual maioria, teria que dispor de uma sede parece ser coisa óbvia. Que a disponibilização do espaço venha de onde se diz também não será surpresa. Na verdade, os amigos são para as ocasiões pelo que tão natural seria a coligação instalar-se em espaço de um fundo imobiliário como, com igual naturalidade, receberíamos a notícia de que se instalariam em qualquer outro espaço cuja titularidade fosse do BPN ou do BES. Sendo que quanto ao primeiro, o escolhido, é sempre possível renda mais acessível tendo em conta o alívio de encargos que sobre estes «fundos» recai dada a generosa isenção de IMI de que continuam a beneficiar. Para lá da notícia o que importa é aquilo que politicamente releva da acção e objectivos da coligação baptizada de Portugal prá Frente, premonitoriamente traduzida na sigla PAF que em bom rigor e com toda a justificação pode ser lida como Programa de Assistência Financeira, que em bom rigor é uma notável síntese do seu verdadeiro programa eleitoral. Com esta ou outra sede, o que importa evidenciar é a projectada intenção de PSD e CDS, à boleia da imensa propaganda produzida, da renovada chusma de promessas e da inevitável ajuda dos interesses dominantes instalados, prosseguirem o caminho de destruição das condições de vida dos portugueses e de dependência nacional. Bem podem Passos e Portas deambular pelo País de símbolo nacional à lapela que isso em nada altera o que durante estes quatro anos têm associado a si: um percurso de esmagamento dos rendimentos dos trabalhadores e do povo e de espezinhamento dos seus direitos, uma postura de rastejante subserviência ao directório de potências das União Europeia e aos interesses do capital transnacional que os comanda.




Mais artigos de: Opinião

Resistência, democracia, soberania

Os últimos desenvolvimentos da situação nacional e da União Europeia colocam em evidência a natureza do Governo PSD/CDS-PP e da acção do Presidente da República.

O «governo» PS/PSD/CDS<br>e o SIRP

PS e PSD/CDS prosseguem a intoxicação ideológica para manter o País amarrado à sua «inevitável» política de direita, de exploração e desastre nacional, mistificando falsas diferenças e propostas «irreconciliáveis»,...

Fuga para a frente

Foi divulgado o relatório «Completar a união económica e monetária da Europa», dito «dos 5 presidentes», subscrito pelos presidentes da Comissão Europeia, da Cimeira Euro, do Eurogrupo, do BCE e do PE. A fina flor. Completar a UEM, diz, «é um meio...

<i>O caldeirão grego</i>

Os desenvolvimentos em torno da Grécia sucedem-se a ritmo acelerado numa situação instável, atreita a piruetas e reviravoltas súbitas, cujo desfecho próximo permanece incerto. No momento em que se confirma o não pagamento de 1600 milhões de euros ao FMI, esgotado o...

A toda a brida

Enquanto se desenrola a tragédia grega que os Sófocles do capital vão ditando de Wasinghton, Bruxelas, Berlim ou Paris, a caravana da coligação governamental portuguesa prossegue as suas arengas ao sol, quais beduínos de hidrófila espontaneidade: atira-se-lhes uns...