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Com chamada de primeira página num conhecido semanário ficámos a saber que PSD e CDS, agora formalmente coligados, alugaram «a meias» uma sede de campanha, com a particularidade de se situar em local propriedade de um fundo imobiliário. A relevância da notícia é, em parte, questionável. Que a coligação, fruto de um estado de necessidade para procurar esbater a dimensão da derrota que aguarda os dois paridos da actual maioria, teria que dispor de uma sede parece ser coisa óbvia. Que a disponibilização do espaço venha de onde se diz também não será surpresa. Na verdade, os amigos são para as ocasiões pelo que tão natural seria a coligação instalar-se em espaço de um fundo imobiliário como, com igual naturalidade, receberíamos a notícia de que se instalariam em qualquer outro espaço cuja titularidade fosse do BPN ou do BES. Sendo que quanto ao primeiro, o escolhido, é sempre possível renda mais acessível tendo em conta o alívio de encargos que sobre estes «fundos» recai dada a generosa isenção de IMI de que continuam a beneficiar. Para lá da notícia o que importa é aquilo que politicamente releva da acção e objectivos da coligação baptizada de Portugal prá Frente, premonitoriamente traduzida na sigla PAF que em bom rigor e com toda a justificação pode ser lida como Programa de Assistência Financeira, que em bom rigor é uma notável síntese do seu verdadeiro programa eleitoral. Com esta ou outra sede, o que importa evidenciar é a projectada intenção de PSD e CDS, à boleia da imensa propaganda produzida, da renovada chusma de promessas e da inevitável ajuda dos interesses dominantes instalados, prosseguirem o caminho de destruição das condições de vida dos portugueses e de dependência nacional. Bem podem Passos e Portas deambular pelo País de símbolo nacional à lapela que isso em nada altera o que durante estes quatro anos têm associado a si: um percurso de esmagamento dos rendimentos dos trabalhadores e do povo e de espezinhamento dos seus direitos, uma postura de rastejante subserviência ao directório de potências das União Europeia e aos interesses do capital transnacional que os comanda.