Os artistas
António Chainho «Cumplicidades», com Paulo de Carvalho, Ana Bacalhau, Helder Moutinho, Filipa Pais, Ana Vieira e Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa
António Chainho é hoje reconhecido como um dos grandes mestres da guitarra portuguesa. A dada altura, Chainho percebeu que o papel deste instrumento não podia ficar confinado ao mero «acompanhante» do fado e iniciou a libertação da guitarra portuguesa num disco gravado com a London Phillarmonic Orchestra (1996); a sua carreira como compositor, artista e pedagogo não mais se interrompeu. Na Festa, Chainho estará acompanhado por gente que participa em «Cumplicidades», o álbum que assinala os seus 50 anos de carreira.
Banda Bassotti (Itália)
É a banda internacionalista e proletária por excelência. Os seus membros, filhos da classe operária e sempre presentes na luta pela verdade desde El Salvador, em 1994, estiveram também sempre ao lado de Chávez e são actualmente grandes impulsionadores da Red de Amigos de la Revolución Ciudadana no Equador. Já estiveram na Festa do Avante! em 2003. O regresso promete um grande concerto.
Fundada em 1975, a Brigada Victor Jara é por muitos considerada um grupo de referência incontornável na nova música tradicional portuguesa. Os arranjos criativos e a introdução de novos instrumentos permitiram à banda trazer novas sonoridades para música tradicional, que recriou e não se limitou a reproduzir. Os trabalhos discográficos publicados nos seus 40 anos de carreira foram reunidos em «Ó Brigada», uma edição especial comemorativa que conta com ampla colaboração.
Descritos pela Classic Rock Magazine como «glam-punk lancinante», com tanto de «punk nova-iorquino, resplendor londrino como de sordidez de Los Angeles», os Bubblegum Screw são considerados a faceta mais honesta da cena glam-punk rock londrina. Apresentam-se pela primeira vez ao vivo em Portugal na Festa do Avante!, num concerto onde interpretarão temas que estão a gravar e faixas dos aclamados álbuns «Screwphoria!» (2010) e «Filthy! Rich! Lolitas!» (2014). Promete ser intenso e energético.
Os Cais Sodré Funk Connection reúnem elementos dos Cool Hipnoise, Orelha Negra, Mr Lizard, Afonsinhos do Condado, Sam the Kid, Spaceboys, Cacique 97 e Sitiados, veteranos da música portuguesa que, apaixonados pelo funk e a soul, se dedicam a recriar o som e o ambiente dos clássicos da Motown, Stax, Chess Records e outras editoras míticas dos anos 60 e 70. Em 2012, a banda editou o seu primeiro álbum de originais – «You Are Somebody!» – e, desde então, tem incendiado os palcos de todo o país.
Capicua é Ana Matos Fernandes, rapper militante desde 2004 que conta com vários trabalhos editados e com inúmeras colaborações em compilações de DJ e produtores de hip hop nacionais. Depois do grande êxito de «Sereia Louca» (2014), Capicua surgiu em 2015 com os sons de «Medusa», disco de remisturas e alguns inéditos que renovam o seu reportório e prometem um espectáculo onde, para além dos habituais momentos de rap emocional político e feminino, haverá mais temas dançáveis e electrizantes.
Surgido em 2003, o duo formado por Tó Trips e Pedro Gonçalves tem vindo a desenhar uma carreira de sucesso a nível nacional e internacional. No final de 2014, coroando um ano repleto de concertos, a banda esgotou o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e o Teatro Rivoli, no Porto. Também em Dezembro de 2014, os leitores da Blitz distinguiram o belo e singular «A Bunch of Meninos» como o melhor álbum português do ano. Em 2015, os Dead Combo continuam a ser distinguidos pela crítica e pelo público.
Nascidos da fusão dos projectos Factor X e Fullashit, os Dealema são uma das mais antigas bandas de hip hop português – há quase 18 anos no activo com a mesma formação, contam com um número crescente de fãs, em Portugal e noutros países de língua oficial portuguesa. «Alvorada da Alma», a mais recente publicação dos quatro álbuns e dois EP editados pela banda, foi louvado pela crítica como «estrondo de disco», «hino de maturidade» ou exemplo de «coesão estética e sonora».
Nascida em Bissau, no seio de uma família de fortes inclinações artísticas, Eneida Marta veio para Lisboa, onde construiu uma sólida carreira internacional. À publicação dos álbuns Nô Storia (2001) e Amari (2002) seguiu-se o reconhecimento da crítica, os concertos em palcos de todo o mundo e as participações em trabalhos de vários artistas. Em Nha Sunhu, seu mais recente álbum, os textos que canta resultam de uma selecção de trabalhos de alguns dos mais destacados poetas guineenses, com excepção de «Nha Principe».
Expensive Soul
«Sonhador» é o quarto e último álbum de originais dos Expensive Soul. É «soul music» cantada em português, oscilando entre os sensuais «midtempos» e os «grooves» mais dançáveis. O amor continua presente com uma mensagem de inconformismo que vai passando, como em «Progresso», tema que abre o disco. Oito dos 11 temas do novo trabalho, somados a mais oito músicas escolhidas do vasto repertório dos Expensive Soul, compõem o alinhamento do espectáculo que a banda se prepara para apresentar na Festa do Avante!.
Fausto Bordalo Dias, apologista da música e da cultura em português, propõe-se revisitar cada um dos discos que compõem a sua trilogia sobre a diáspora lusitana, cujas obras «Por este rio acima», «Crónicas da terra ardente» e «Em busca das montanhas azuis» são uma referência da música popular portuguesa; nasce assim a ideia de fazer um concerto em torno da Diáspora Lusitana.
Fausto compõe cada álbum de originais como quem conta uma história, da primeira à última canção. Dizem os seus admiradores que cada um dos seus discos devia ser escutado «de guião em punho», como quem vai à ópera. «Por favor, leiam estes discos!», diz o jornalista e crítico Viriato Teles.
Se o País precisa de uma mensagem forte para acordar da apatia, os Gazua poderão bem ser os mensageiros. Cantando em português, esta formação estreou-se em 2008 com o disco «Convocação», tendo já editado cinco discos de originais. «Sobrenatural» é o seu mais recente trabalho. Com um crescente número de seguidores, é no palco e com o público que os Gazua se sentem em casa, reinventando cada actuação como se de um último concerto se tratasse.
«Nunca vi um alentejano cantar sozinho com egoísmo de fonte. Quando sente voos na garganta, desce ao caminho da solidão do seu monte, e canta em coro com a família do vizinho. Não me parece pois necessária outra razão – ou desejo de arrancar o sol do chão – para explicar a Reforma Agrária do Alentejo. É apenas uma certa maneira de cantar», escreveu José Gomes Ferreira. Na Festa do Avante! actuará o Grupo Coral da Casa do Povo de Serpa, que em 2014 fez ouvir o cante aquando da atribuição, pela UNESCO, da classificação do cante alentejano a Património Cultural e Imaterial da Humanidade. Composto por 25 elementos, esta formação, fundada em 1928, canta as modas tradicionais da margem esquerda do Guadiana.
Os HMB são uma das bandas do momento para o público mais jovem. Para a Festa do Avante!, esta formação convidou Sir Scratch, o rapper angolano que tem incendiado as noites lisboetas, e Da Chik, que começa a ganhar o seu espaço na música electrónica nacional, depois de vencer o Optimus Live Act.
Um dos mais originais e arrojados grupos galegos da actualidade, o ISGA Colletctive parte das raízes tradicionais galegas – e de memórias antigas – para criar uma música moderna e aberta a outras influências. Na Festa do Avante! contam com a presença da gaiteira Lorena Freijeiro, que apesar da sua carreira a solo faz parte do colectivo desde o início.
«O Cravo e a Rosa» é o nome do espectáculo trazido por Janita Salomé. O concerto será uma viagem no tempo, intensa, viva, onde o autor, compositor e cantor se desvela, corporizando de forma amadurecida e intencional a sua faceta experimentalista. Neste périplo há espaço para recuar a temas que fazem história na música portuguesa contemporânea, passando pela recriação de canções tradicionais, para depois emergir, num assumido despertar, rumo aos universos musicais que tem vindo a conceber para o presente, alguns deles do álbum «Em nome da rosa».
O talento de Jon Luz combina as tradicionais mornas e coladeiras de forma bastante peculiar, através da sua escrita e personalidade musical. Nas suas composições, o músico explora ritmos, melodias e harmonias, criando novas sonoridades da música cabo-verdiana. Aliás, é quase de forma inconsciente e intuitiva que consegue trazer para a sua música as mais variadas influências – desde o pop à música portuguesa. «Farrópe d'Poesia», o seu primeiro trabalho, demonstra isso mesmo, a sua capacidade de reinvenção.
Com uma sólida carreira construída desde 2003, a banda considerada por muitos dos seus pares, pelos críticos, promotores e pelo público como uma das melhores do panorama do rock nacional – tendo nesse contexto, inclusivamente, recebido vários prémios e distinções em resultado dos três discos de originais já editados («Olhos de Mongol», «Casa Ocupada» e «Turbo Lente» –, os Linda Martini trazem à Festa do Avante! um espectáculo que promete passar em revista sucessos bem conhecidos e outros temas que os consolidaram entre o público.
Fundadora dos Sloppy Joe e integrante de projectos como os Bombazine e, mais recentemente, The Funkalicious, com os quais explorou os clássicos da música negra norte-americana dos anos 60/70, Marta Ren, lançando-se definitivamente a solo, surge agora acompanhada pela Groove Band num registo que vinca a sua paixão pelo soul e funk. Enquanto não sai o álbum de estreia, a ser gravado em modo totalmente orgânico para preservar a identidade old school daquelas correntes, o síngle de estreia «Summer’s Gone» e o tema «2 kinds of men» já fazem sucesso nas rádios.
Autora e compositora de todas as canções do seu primeiro disco, lançado em 2014, Mimicat aposta na sonoridade e temas típicos dos golden days da música dos EUA, num estilo retro donde sobressai a sua voz madura, quente e forte, e uma atitude atrevida em palco. O single «Tell Me Why» foi a primeira canção extraída do seu álbum de estreia «For You», donde saiu também «Savior», que está a fazer igual sucesso nas rádios em Portugal e nos EUA.
Com o mais recente trabalho, «Clarão», lançado fisicamente em Portugal, Espanha, Irlanda e Grã-Bretanha, e no resto do mundo em versão digital, os Paus dão seguimento à carreira que teve como um dos momentos altos a ascensão ao top 3 nacional com o disco de estreia homónimo da banda, em 2011. É o espectáculo deste álbum que o grupo actualmente formado por Fábio Jevelim (teclados/guitarra e voz), Hélio Morais (bateria siamesa e voz), Joaquim Albergaria (bateria siamesa e voz) e Makoto Yagyu (baixo/teclados e voz), traz à Festa do Avante!.
«Campaniça ao Despique» é o mais recente trabalho que nos traz Pedro Mestre, feito de inéditos e modas do cancioneiro popular alentejano. Os temas ganham um novo fôlego no espectáculo onde a fusão da tradição e da inovação está reflectida na exploração da viola campaniça e do cante alentejano, com as participações dos grupos corais «Os Ganhões de Castro Verde», «Camponeses de Pias» e «Os Almocreves da Amieira».
A banda de três amigos de São João da Madeira – Diogo, João e Miguel –, com um trajecto firmado desde 2008 e dois álbuns de estúdio já gravados, iniciou em 2014 uma série de colaborações com nomes da música nacional como João Só ou Frankie Chávez, justamente chamadas de «Prana Convida».
Aclamados pela crítica especializada e pelo público a que tiveram acesso, os Prana divulgam desde então o disco «O Amor e Outros Azares», no qual exploram de forma melódica e descontraída o lado mais sombrio, mas na Festa do Avante! não é de estranhar que também regressem a temas do primeiro álbum que ficaram na memória, tais como «Pérola» ou «Etanol».
Com 25 anos de carreira comemorados em 2014, Sebastião Antunes e a «Quadrilha» editaram nesse mesmo ano «Proibido adivinhar». Grande divulgador da música e da tradição oral e sonora popular portuguesa, fundindo-as com os sons do mundo, Sebastião Antunes é presença assídua na Festa do Avante! e certeza de um espectáculo de qualidade. Coube-lhe a honra de participar no espectáculo em que foi apresentado o novo terreno da Quinta do Cabo.
«Pequenos crimes entre amigos», produzido por Rui Veloso, é um disco que conta com colaborações de músicos dos Orelha Negra, Xutos & Pontapés, Dead Combo, Clã, Expensive Soul, num total de 40 participações nos 14 temas originais.
«Eu quero…» foi o primeiro single promocional a ser apresentado, mas é com «Não dá para fugir» que o músico se tem dado a conhecer no circuito das rádios nacionais.
O nome deste duo portuense veio de Boston, por culpa de amigos japoneses que tinham dificuldade em pronunciar o nome de Sérgio Silva, no Berklee College of Music. Nas ondas de blues e rock, armados de voz, guitarra e percussão, ele e José Vieira navegam há mais de dez anos no navio Serushiô. Este ano têm percorrido o País a promover novo trabalho, «I'm not lost... Just don't want to be found» (não estou perdido, só não quero ser encontrado). Vamos encontrá-los na Festa.
Começaram em 1988, animando jantares no Tabanka, em Bissau. Como Tabanka Djaz, comemoraram este ano, em Abril, no Coliseu de Lisboa, 25 anos de carreira, contada do primeiro álbum. Com «Depois do Silêncio», festejam o fim de onze anos de intervalo.
Cabo-verdiano de nascimento e alma, Dany Silva tinha já 18 anos de Portugal e muita estrada de música, quando editou o primeiro single, em 1979. Somou mornas e coladeras com o melhor do rock, do jazz e da música popular, correu mundo e destaca a Festa na sua biografia ao vivo.
Dany e Tabanka juntam-se em palco e prometem som do melhor que África tem.
Quem já os viu antes na Festa, sabe como em palco traduzem «Afro World Mestizo Explosion!!!», a expressão com que definem o seu estilo. O seu «Wontanara» marca em 2015 o regresso para junto do público, após ano e meio de paragem, reflexão e viagens. Insistem em não abdicar da visão crítica e consciente sobre o estado do mundo. A partir de Lisboa, seguem o caminho consistente iniciado em 1999, na África Ocidental, fundindo sonoridades africanas de qualquer sítio onde ela renasce.
Delila Paz (voz) e Edgey Pires (guitarra), que se declaram nova-iorquinos nativos, criaram o grupo The Last Internationale em 2013 (o primeiro EP com cinco temas saiu em Janeiro). Assumem que a sua reputação se consolidou por cantarem poemas com consciência social e por terem explosivas actuações ao vivo, num misto de hard rock, metal alternativo, rock alternativo e pós-grunge. Já com Brad Wilk, o baterista dos Rage Against the Machine, The Last Internationale fez sair o primeiro álbum em Agosto do ano passado, «We Will Reign» - de punho erguido e bem cerrado.
A biografia de Pete Seeger (nascido a 3 de Maio de 1919, em Nova Iorque, onde morreu a 27 de Janeiro de 2014) não se esgota no que compôs e cantou, nos nomes que inspirou e com quem trabalhou. O folk, com ele, fez-se acção política, e a sua canção de protesto (protest-song) esteve nas grandes lutas progressistas dos EUA desde a década de 1930. Com «If I Had a Hammer», «We shall overcome», «This land is your Land», «Turn Turn Turn», «Guantanamera», «Where have all the flowers gone», entre outras, pelo músico e compositor belga Jan De Smet, os seus companheiros e, certamente, um enorme coro.
Vem de Barcelona, onde nasceu ainda não há cinco anos, esta banda que oferece música e revolução e se apresenta como circo de músicos que transporta alegria e rebeldia. Com ritmos de ska, reggae e dub, tanto de raiz como contemporâneos, estes catalães trazem mais festa à Festa. É festa o que têm feito ao longo de 2015, mostrando aos quatro cantos do Mundo o seu segundo álbum, «Som Riu», editado em 2014 – quando o grupo se envolveu também na produção do Clownia Festival, casando música, circo e teatro.
A banda lisboeta Viralata festeja em 2015 o seu quinto aniversário com o novo álbum «Doa a quem doer», apresentado em Setembro do ano passado. Já falam de si como grupo de punk rock e fazem música com humor, energia, paixão e genuinidade. Temperaram a faixa «Não há tachos» com Kalú, batem no «Carocho» mas sabem onde o bicho mora. Dizem que divertem e que contagiam quem os vê e ouve. Fica o aviso, mas isto não evita surpresas.
Os Xutos & Pontapés fizeram-se símbolo do rock & roll em português, por portugueses, para portugueses. Vivem para a festa dos concertos, onde cimentam uma ligação estreita com um público sempre presente, de braços cruzados em X, frente a duas guitarras a abrir, uma bateria a bombar, o baixo a marcar a pulsação, três acordes básicos e a correria desenfreada do cavalo à solta. Há 36 anos que Tim, Zé Pedro, Kalú, João Cabeleira e Gui transpiram energia em palco, a partilhar canções com um público que delas já fez hinos das vidas de pais e filhos.