Alternativa antimonopolista
No processo de construção do programa eleitoral para as eleições legislativas, que será apresentado no início de Julho, o PCP realizou anteontem, 12, uma audição sobre economia e empresas.
Só os accionistas das grandes empresas ganham com esta política
Na sessão, realizada num hotel da capital, participaram dirigentes e eleitos comunistas, economistas e representantes de associações empresariais, que sublinharam aspectos centrais do quadro actual em que vivem, ou sobrevivem, muitas micro, pequenas e médias empresas e avançaram com algumas propostas capazes de inverter a situação em alguns dos aspectos mais gravosos. Na intervenção que encerrou a audição, Jerónimo de Sousa lembrou os «impactos profundos» sentidos pela generalidade das empresas portuguesas (excepção feita às maiores), em resultado da política de direita de PS, PSD e CDS, agravada pelos sucessivos PEC e pelo pacto de agressão. Milhares não tiveram alternativa a fechar as portas.
Para o dirigente comunista, entre as causas principais desta «erosão» estão a «enorme queda do poder de compra das famílias, o brutal acréscimo do custo de diversos factores de produção, a subida brutal da carga fiscal e da arbitrariedade da Autoridade Tributária, o aperto no acesso ao crédito (comissões, garantias, juros e spreads) pelo sector bancário e a continuação da predação das empresas e sectores produtivos pelos grandes grupos económicos, nomeadamente da grande distribuição».
Quanto aos impostos, precisou o Secretário-geral do Partido, o caso mais exemplar é o do IVA da restauração, responsável, segundo a AHRESP, pelo encerramento de mais de quatro mil empresas em 2014, a juntar às mais de 30 mil até este ano. Dezenas de milhares de trabalhadores foram despedidos. No que diz respeito ao papel dos grupos da grande distribuição, dos maiores do País, Jerónimo de Sousa acusou-os de espremerem «até ao tutano as micro, pequenas e médias empresas industriais, das pescas e agrícolas, suas fornecedoras» e de promoverem uma «concorrência arrasadora relativamente ao comércio tradicional».
A terminar, o dirigente comunista reafirmou as propostas do PCP para o sector, apresentadas sucessivamente na Assembleia da República, em sectores como a fiscalidade, os preços da energia, a revogação do regime de arrendamento comercial, a defesa da produção nacional, a efectiva regulação do ordenamento comercial, a proibição da banca alterar unilateralmente as taxas de juro, entre muitas outras. Concluindo, Jerónimo de Sousa realçou que «só o reforço da influência política, eleitoral e militante do PCP poderá abrir caminho a um novo rumo na vossa vida, na vida de todos os portugueses».
Para a semana voltaremos a este assunto.