e salários
Travar a sangria social
Transportes urbanos, caminhos-de-ferro, escolas, correios, prisões e ministérios, até mesmo a polícia se juntou, com uma greve de zelo, à paralisação realizada, dia 22, na Bélgica.
O fim da «indexação» é um roubo aos salários
Na sequência de uma série de jornadas de luta em que convergiram as principais centrais sindicais, a greve nos serviços públicos, realizada na semana passada, foi convocada pelo sindicato dos serviços públicos (CGSP) filiado na central socialista FGTB.
Sem ter apoiado formalmente a paralisação, a central católica incentivou implicitamente a adesão dos seus associados, declarando publicamente que compreendia aqueles que decidiram participar no protesto.
Em cima da mesa continua o contestado pacote de reformas anti-sociais que o governo federal, dirigido pelo liberal francófono, Charles Michel, pretende impor ao povo belga: o aumento da idade da reforma dos 65 para os 67 anos, a redução dos direitos de aposentação no sector público, cortes de 28 por cento nos orçamentos dos serviços públicos, nomeadamente na Saúde, a não substituição de quatro por cada cinco funcionários que se aposentem, e, sobretudo, a suspensão das actualizações salariais em função da inflação, a chamada «indexação», que constitui uma garantia da manutenção do poder de compra.
Esta última medida, que na prática equivale a um congelamento salarial, já motivou a apresentação de uma queixa judicial, apoiada por Raoul Hedebouw, deputado federal do Partido do Trabalho da Bélgica. A queixa, por roubo, demonstra que cada trabalhador perderá em média 34 mil euros em 20 anos de carreira profissional, devido à suspensão do sistema de indexação.
A paralisação deixou desertas as principais estações ferroviárias do país: Antuérpia, Bruxelas, Liège, Gand, Charleroi, Hasselt, entre outras. Os resíduos urbanos não foram recolhidos, a generalidade das repartições públicas encerraram, e não houve praticamente distribuição de correio com a paralisação total dos centros de triagem postal.
Várias manifestações marcaram ainda a jornada, por exemplo, em Hasselt, (Flandres), onde decorreu a marcha do dragão contra a austeridade, em Mons (Valónia) ou em Bruxelas.
Em várias regiões, operários metalúrgicos e da química juntaram-se aos piquetes de greve dos ferroviários, solidarizando-se com a luta em defesa dos serviços públicos e do poder de compra.