Cáritas denuncia «fortaleza» europeia

Guerra aos refugiados

A Cáritas Europa qualificou, dia 24, as conclusões do Conselho Europeu, realizado na véspera, como «uma inaceitável declaração de guerra aos migrantes e refugiados».

UE responde com repressão ao fluxo de migrantes

Image 17985

«Registámos as conclusões profundamente decepcionantes da reunião extraordinária do Conselho Europeu na quinta-feira. Não importa até onde a UE irá alargar no Mediterrâneo a “fortaleza Europa”, isso não impedirá nunca as pessoas de arriscarem as suas vidas para entrar na Europa se os problemas na origem não forem resolvidos», afirma a organização em comunicado.

Sublinhando que aumentar as medidas de repressão nas fronteiras da UE não vai salvar mais vidas, a Cáritas Europa afirma que «esta abordagem repressiva só levará pessoas desesperadas a correr ainda mais riscos para alcançar a Europa, levando a mais mortes».

Segundo anunciou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, os líderes europeus decidiram «preparar ações para capturar e destruir as embarcações dos traficantes antes que estas possam ser usadas».

Tusk informou que a UE vai triplicar as verbas e «aumentar significativamente» o apoio logístico da «Operação Tritão» de patrulha e salvamento no mar Mediterrâneo. Através da Europol serão colocados agentes de imigração em países terceiros.

A confederação europeia de estruturas humanitárias da Igreja Católica salienta que para responder à situação no Mediterrâneo é preciso criar canais seguros e legais para quem procurar proteção ao fugir de guerras e perseguições, e canais legais para migrantes laborais.

Cortejo fúnebre

Coincidindo com a reunião dos líderes europeus, cerca de mil manifestantes protestaram em Bruxelas contra a política de imigração da UE, encenando um «cortejo fúnebre» em memória dos milhares de náufragos.

O protesto foi convocado por várias organizações não-governamentais, nomeadamente a Amnistia Internacional, Médicos do Mundo e a Associação Europeia de Defesa dos Direitos Humanos.

Os manifestantes transportaram, em silêncio, três caixões, denunciando «a resposta vergonhosa da Europa à espiral de mortes no Mediterrâneo».

 



Mais artigos de: Europa

Travar a sangria social

Transportes urbanos, caminhos-de-ferro, escolas, correios, prisões e ministérios, até mesmo a polícia se juntou, com uma greve de zelo, à paralisação realizada, dia 22, na Bélgica.

Jornalista acusado<br>no escândalo Luxleaks

O jornalista francês Édouard Perrin, que revelou os acordos fiscais secretos entre o governo do Luxemburgo, então liderado pelo actual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e várias multinacionais, foi formalmente acusado de furto doméstico, segundo informou, dia...

Milionários britânicos<br>duplicam fortunas

As mil pessoas mais ricas do Reino Unido duplicaram as respectivas fortunas nos últimos dez anos, segundo uma lista publicada, dia 26, pelo The Sunday Times. Segundo o jornal, este conjunto de pessoas acumulam agora uma riqueza de 547 mil milhões de libras (aproximadamente 763,4 mil milhões de...

Educação em luta

Milhares de estudantes e professores voltaram a sair às ruas, dia 24, em diversas cidades italianas, em protesto contra a reforma do sistema público de ensino, preconizada pelo governo de Matteo Renzi. Já com uma greve nacional no sector marcada para a próxima terça-feira, 5 de...

Lembrando Brecht

LUSA Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem. Mais de oitocentos homens, mulheres e crianças terão morrido vítimas de um naufrágio no Mediterrâneo. Na imprensa lê-se que...