Guerra aos refugiados
A Cáritas Europa qualificou, dia 24, as conclusões do Conselho Europeu, realizado na véspera, como «uma inaceitável declaração de guerra aos migrantes e refugiados».
UE responde com repressão ao fluxo de migrantes
«Registámos as conclusões profundamente decepcionantes da reunião extraordinária do Conselho Europeu na quinta-feira. Não importa até onde a UE irá alargar no Mediterrâneo a “fortaleza Europa”, isso não impedirá nunca as pessoas de arriscarem as suas vidas para entrar na Europa se os problemas na origem não forem resolvidos», afirma a organização em comunicado.
Sublinhando que aumentar as medidas de repressão nas fronteiras da UE não vai salvar mais vidas, a Cáritas Europa afirma que «esta abordagem repressiva só levará pessoas desesperadas a correr ainda mais riscos para alcançar a Europa, levando a mais mortes».
Segundo anunciou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, os líderes europeus decidiram «preparar ações para capturar e destruir as embarcações dos traficantes antes que estas possam ser usadas».
Tusk informou que a UE vai triplicar as verbas e «aumentar significativamente» o apoio logístico da «Operação Tritão» de patrulha e salvamento no mar Mediterrâneo. Através da Europol serão colocados agentes de imigração em países terceiros.
A confederação europeia de estruturas humanitárias da Igreja Católica salienta que para responder à situação no Mediterrâneo é preciso criar canais seguros e legais para quem procurar proteção ao fugir de guerras e perseguições, e canais legais para migrantes laborais.
Cortejo fúnebre
Coincidindo com a reunião dos líderes europeus, cerca de mil manifestantes protestaram em Bruxelas contra a política de imigração da UE, encenando um «cortejo fúnebre» em memória dos milhares de náufragos.
O protesto foi convocado por várias organizações não-governamentais, nomeadamente a Amnistia Internacional, Médicos do Mundo e a Associação Europeia de Defesa dos Direitos Humanos.
Os manifestantes transportaram, em silêncio, três caixões, denunciando «a resposta vergonhosa da Europa à espiral de mortes no Mediterrâneo».