Iémen sob fogo
Os bombardeamentos contra o Iémen constituem «um perigoso desenvolvimento» na região, considera o PCP, que reclama o fim da intervenção saudita e uma solução pacífica respeitadora da soberania do país.
Ofensiva visa impor o domínio do imperialismo no Médio Oriente
O Partido «condena a agressão protagonizada pela Arábia Saudita com o apoio dos regimes ditatoriais do Golfo Pérsico e dos EUA», e sublinha que «esta constitui uma violação do direito internacional e uma inaceitável interferência nos assuntos internos do Iémen». A agressão confirma, por outro lado, «uma tendência intervencionista da Arábia Saudita em países da região, de que é exemplo a intervenção militar no Bahrein, em 2011».
No texto divulgado dia 15 pelo seu gabinete de imprensa, o PCP nota também que a ofensiva «visa, essencialmente, esmagar a afirmação soberana iemenita e assegurar o controlo da posição geoestratégica do Iémen nas rotas de transporte de matérias-primas energéticas», representando «um perigoso desenvolvimento numa região marcada por uma grande tensão, por vários conflitos e pelas consequências da política de ingerência, divisão e guerra dos EUA, das potências da NATO e seus aliados no Médio Oriente».
O Governo português, defende ainda o PCP, deveria adoptar «uma posição de firme condenação da agressão militar ao Iémen, de exigência do fim dos bombardeamentos e de defesa de um processo de diálogo político que assegure a independência, soberania e integridade territorial».
«A situação de extrema tensão no Médio Oriente, cujas consequências são imprevisíveis, só pode ser ultrapassada com o fim da política de ingerência e guerra do imperialismo, nomeadamente do imperialismo norte-americano, com o fim da ocupação do Iraque e da guerra de agressão à Síria e com o reconhecimento dos direitos nacionais do povo palestiniano, de acordo com as resoluções das Nações Unidas», concluiu o PCP.
Segundo informações oficiais difundidas domingo, 19, desde 26 de Março a coligação liderada pela Arábia Saudita já efectuou 2000 bombardeamentos para impedir o controlo do país pelas milícias que se levantaram contra o presidente Abdo Hadi, tomaram a capital do Iémen (em Setembro do ano passado), e avançaram, posteriormente, para a conquista do Sul do território.
O alegado líder dos revoltosos, Abdelmalek al Huthi, veio entretanto dizer que as suas forças nunca se renderão e estão mesmo prontas a responder à Arábia Saudita, isto depois de o responsável militar saudita ter afirmado que os ataques aéreos destruíram 80 por cento dos depósitos de armas e material bélico dos insurrectos.
A situação humanitária no país degrada-se rapidamente e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou, sexta-feira, 17, ao estabelecimento imediato de um cessar-fogo, garantindo que a Arábia Saudita «entende a necessidade do processo de paz».
Na terça-feira, 14, todos os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, exceptuando a Rússia, que se absteve, aprovaram a proibição da venda de armas aos «rebeldes xiitas». A Federação Russa defende, há semanas, a suspensão dos bombardeamentos no quadro de uma trégua humanitária, a abertura de canais de negociação e a imposição de um embargo a todas as partes envolvidas no conflito.