Venezuela
No dia 9 de Março, Barack Obama accionou o estatuto que lhe permite declarar a Venezuela «uma ameaça contra a segurança nacional» dos Estados Unidos, previsto para os casos em que exista «uma extraordinária e invulgar ameaça à segurança nacional e à política externa, situação que deve ser tratada como uma emergência nacional». A decisão suscitou uma vaga de protestos de países e organizações democráticas, que consideram a medida, tal como as sanções anteriormente impostas à Venezuela, uma «agressão sem precedentes» à estabilidade daquele país e consequentemente a toda a região. A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA – TCP), considerando que esta agressão «viola todas as normas internacionais» e constitui «uma ameaça para a paz e tranquilidade» dos países da região, «instam o governo dos EUA a respeitar o direito dos povos à autodeterminação e a não se ingerirem nos assuntos internos de outros países».
No mesmo sentido se pronunciou a Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos (CELAC), manifestando a sua preocupação pela imposição de sanções à Venezuela e reiterando os princípios consagrados em 2014 na Proclamação da América Latina e Caribe como Zona de Paz, em que se apela a todos os estados a «não intervir, directa ou indirectamente, nos assuntos internos de qualquer outro Estado e a observar os princípios de soberania nacional, igualdade de direitos e livre determinação dos povos».
Também o secretário-geral da UNASUR, Ernesto Samper, considerou ser um «mau sinal» que «justamente antes da Cimeira das Américas [que terá lugar na Cidade do Panamá, de 10 a 11 de Abril] e quando a organização se prepara para «celebrar o regresso de Cuba a este fórum, os EUA intervenham unilateralmente nos assuntos internos da Venezuela e menorizem os esforços da Comissão de presidentes do Brasil, Colômbia e Equador» que «abriram caminhos para o diálogo político que estava fechado há mais de um ano». Samper enfatizou ainda que «cabe aos venezuelanos e só a eles encontrar os caminhos para sair desta encruzilhada sem pôr em risco a paz e a democracia».