A greve vai responder
«A cada dia que passa cresce a adesão» à greve nacional de amanhã, em todos os sectores da Administração Pública, que será «a resposta merecida» ao Governo e à sua ofensiva.
A greve defende também os interesses da população
«Vai ser uma grande greve», previu Ana Avoila, em declarações prestadas anteontem ao Avante!, observando que praticamente todos os sindicatos se juntaram no apelo à luta a 13 de Março. A coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública afirmou que há «elevadas expectativas», o que corresponde a uma justa reacção dos trabalhadores à situação que se vive na administração central e regional, nas autarquias locais, na Educação, na Saúde, na Segurança Social e nos demais subsectores, dos consulados à Administração Interna, da Defesa à Agricultura – e não apenas do ponto de vista laboral, mas também do ataque às funções sociais do Estado e aos serviços públicos.
A Frente Comum lembrou ontem alguns factos que são consequências da política que o Governo pretende prosseguir e agravar e que dão aos trabalhadores motivos de sobra para aderirem à greve de amanhã.
Dos números oficiais mais recentes, destaca-se a redução de 71 365 trabalhadores em apenas três anos (menos 9,8 por cento, comparando 2011 com 2014). Diminuindo a capacidade de resposta dos serviços, a estratégia do Governo abre caminho à sua privatização, com graves prejuízos para a população.
Em despesas com pessoal nas administrações central, regional e local, houve um corte de 27,9 por cento (4 680 milhões de euros), mas só em quatro anos os juros da dívida pública vão custar 37 834 milhões de euros. A Frente Comum apurou uma redução de 18,2 por cento do ganho médio líquido mensal real, mas a perda dos trabalhadores da Administração Pública, desde 2010, foi de 28,4 por cento no ganho por hora.
Dados como estes reflectem-se nas reivindicações que a Frente Comum e os seus sindicatos colocaram como principais motivos de luta:
– o fim dos despedimentos e a exigência de emprego com direitos, afirmando o vínculo público, em vez da precariedade (recibos verdes, contratos a termo, contratos «emprego-inserção»), da «requalificação» e outros mecanismos que abrem portas ao despedimento sem justa causa (como as «rescisões amigáveis»);
– a duração máxima do trabalho de 35 horas semanais, para todos, acabando com o retrocesso que representou a imposição do aumento para 40 horas e dando seguimento às centenas de acordos ACEP sujeitos ao «veto de gaveta» do Governo;
– o aumento dos salários, para pôr fim a dez anos sem actualização salarial e para repor os roubos sucessivos que afectaram também as pensões.