Ucrânia usa armas da Nato
A Ucrânia está a usar munições da Nato nos ataques a Górlovka, no Donbass, denunciou esta terça-feira, 3, o porta-voz militar da República Popular de Donetsk (RPD), Eduard Basurin.
Fornecimento de armas pela Nato levará a escala do conflito
LUSA
As acusações de Basurin, acompanhadas da apresentação aos jornalistas de fragmentos de dois projécteis de grande calibre encontrados em Górlovka, baseiam-se no facto de as Forças Armadas da Ucrânia não disporem de tal arsenal, e de um dos achados corresponder ao sistema de artilharia M109 usado pelas forças da Nato.
Em declarações à imprensa, Basurin, citado pela Prensa Latina, fez notar que os EUA têm anunciado repetidamente que estão a ponderar fornecer armamento à Ucrânia, mas o que a realidade demonstra é que de facto já o estão a fazer.
Também o diário The Wall Street Journal deu conta das «intenções» da Casa Branca de fornecer mísseis antitanques e outro material bélico a Kiev. A questão, segundo o jornal, tem sido debatida pela administração Obama e pelo Pentágono.
Já o jornal The New York Times, citando fontes próprias, noticiou que tanto as cúpulas militares norte-americanas como as cúpulas da Nato – através da figura do chefe das tropas aliadas na Europa, Philip Breedlove – apoiam a ideia de dotar Kiev com mais meios bélicos. A mesma fonte, não identificada, admite mesmo que a projectada visita à capital ucraniana do secretário de Estado norte-americano John Kerry, possivelmente esta quinta-feira, está relacionada com este assunto.
A Rússia já reagiu, com Konstantin Kosachov, do Comité de Relações Internacionais do Senado, a advertir que o fornecimento de armas a Kiev por parte dos EUA e da Nato levará a uma escalada ainda mais grave do conflito.
O agravamento dos confrontos nos últimos dias levaram já mais de um milhar de pessoas a abandonar Górlovka, cidade considerada estratégica para o controlo da linha da frente no caminho para a região vizinha de Lugansk. Prosseguem entretanto os combates em Debaltsevo, onde as tropas de Kiev estão cercadas há mais de uma semana.
A par da escalada bélica, as autoridades de Kiev avançam com outras medidas contra a Rússia: a partir de 1 de Março, os russos que pretendam entrar no país vão deixar de poder fazê-lo com o documento (tipo bilhete de identidade) que até agora utilizavam. O objectivo assumido de Kiev é limitar drasticamente o acesso dos cidadãos russos à Ucrânia.