Acção de contactos com os membros do Partido

Sementes para o futuro

No mo­mento em que a acção de con­tactos com os mem­bros do Par­tido entra numa fase de­ci­siva da sua con­cre­ti­zação, o Avante! des­taca um con­junto de exem­plos de como esta exi­gente ta­refa con­tribui, no ime­diato, para o re­forço da or­ga­ni­zação e in­ter­venção par­ti­dá­rias. Se bem com­pre­en­dida e con­cre­ti­zada pelos mi­li­tantes e or­ga­ni­za­ções do Par­tido, ela dei­xará im­por­tantes se­mentes para o fu­turo.

A acção de con­tactos per­mite re­forçar o Par­tido no ime­diato e abre ca­minho para saltos imensos

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Desde que lançou esta acção, em De­zembro de 2013, que o Co­mité Cen­tral do PCP tem cha­mado a atenção para a im­por­tância que ela tem para o re­forço sus­ten­tado da or­ga­ni­zação e in­ter­venção do Par­tido aos mais va­ri­ados ní­veis: na ele­vação do nível da mi­li­tância de mi­lhares de co­mu­nistas e no re­cru­ta­mento de muitos ou­tros; num maior co­nhe­ci­mento da re­a­li­dade de em­presas e lo­ca­li­dades, bem como das pró­prias or­ga­ni­za­ções; nas pos­si­bi­li­dades que se abrem de, es­tru­tu­rando as or­ga­ni­za­ções do Par­tido, apro­ximá-las dos tra­ba­lha­dores e do povo; numa maior di­fusão da im­prensa par­ti­dária e numa mais alar­gada re­colha de quo­ti­zação, bem como no au­mento do valor de muitas quotas, con­tri­buto de­ci­sivo para a de­fesa da in­de­pen­dência fi­nan­ceira (que é também po­lí­tica e ide­o­ló­gica) do Par­tido.

A sua con­cre­ti­zação, ao longo de grande parte de 2014 e das pri­meiras se­manas do novo ano, com­provou o que então se disse e que nestas pá­ginas se pro­cura re­sumir. A pa­lavra cabe às or­ga­ni­za­ções do Par­tido – uma re­gi­onal, duas con­ce­lhias, um nú­cleo local e outro de uma cé­lula de uma grande em­presa na­ci­onal – que, ac­tu­ando em re­a­li­dades muito dis­tintas e al­can­çando re­sul­tados muito di­fe­rentes, são unâ­nimes a re­co­nhecer que na sequência da acção de con­tactos o Par­tido está já mais forte. Mas dis­seram mais: que os seus efeitos se farão sentir por muitos anos.

 De­di­cação e res­pon­sa­bi­li­dade

 Con­tactar um a um os mi­li­tantes do Par­tido é uma ta­refa imensa a exigir grande de­di­cação e res­pon­sa­bi­li­dade da parte da­queles sobre quem recai esta au­tên­tica epo­peia. No caso da or­ga­ni­zação re­gi­onal de Aveiro, houve que falar com mais de 900 pes­soas: ba­tendo à porta da mai­oria deles; com­bi­nando com al­guns en­con­tros nos vá­rios Cen­tros de Tra­balho do dis­trito; pro­cu­rando em cafés e as­so­ci­a­ções aqueles cuja mo­rada já não cor­res­pondia à que cons­tava nos fi­cheiros do Par­tido. Para não falar do de­safio que foi con­se­guir con­versar com aquele mi­li­tante que tra­balha por turnos ou des­co­brir ruas que nem apa­recem nos mapas.

Se muitos dos en­vol­vidos nesta ta­refa são qua­dros com res­pon­sa­bi­li­dades re­gu­lares no Par­tido, ou­tros nem por isso. A in­te­gração destes úl­timos na re­a­li­zação dos con­tactos per­mitiu-lhes passar a ver a or­ga­ni­zação de outra forma e es­tarem hoje mais pre­sentes no dia-a-dia da ac­ti­vi­dade do Par­tido.

Em Vendas Novas (onde a acção se en­contra pra­ti­ca­mente con­cluída) re­correu-se à rede de co­bra­dores de quotas já exis­tente para, a partir dela, efec­tuar os con­tactos. Esta opção foi to­mada pela Co­missão Con­ce­lhia na base do pres­su­posto – que se re­velou acer­tado – de que os con­tactos de­ve­riam ser as­su­midos por aqueles que co­nhecem as pes­soas e as suas ca­rac­te­rís­ticas, porque com elas privam com re­gu­la­ri­dade. No caso da­queles mi­li­tantes há mais tempo afas­tados do Par­tido, os con­tactos foram as­su­midos di­rec­ta­mente por mem­bros da Co­missão Con­ce­lhia. Pro­curou-se também apro­veitar a mo­bi­li­zação con­creta para certas ini­ci­a­tivas par­ti­dá­rias ou uni­tá­rias para con­cre­tizar al­guns dos con­tactos. A as­sumpção pelos di­ri­gentes da re­a­li­zação da acção foi a opção to­mada pela Co­missão Con­ce­lhia de Ponte de Lima, tendo em conta as ca­rac­te­rís­ticas e a di­mensão da or­ga­ni­zação.

Na Ci­dade de Beja, a con­cre­ti­zação desta acção en­volveu 14 qua­dros do Par­tido, a mai­oria dos quais in­te­gram ou in­te­graram o or­ga­nismo de di­recção. Pri­vi­le­gi­ando o con­tacto pes­soal, os co­mu­nistas da ci­dade de Beja pro­cu­raram, sempre que pos­sível, atrair os mi­li­tantes ao Centro de Tra­balho – e, em par­ti­cular, à li­vraria que fun­ciona, de se­gunda a sexta-feira à tarde, no rés-do-chão – para aí ac­tu­a­li­zarem a sua ficha e re­ce­berem o seu cartão de membro do Par­tido: foi o que fi­zeram largas de­zenas de co­mu­nistas. Sempre que tal não foi pos­sível, os con­tactos foram feitos em casa ou no local de tra­balho.

Avanços pal­pá­veis

Se é de re­sul­tados que fa­lamos, o dis­trito de Aveiro ofe­rece muitos e va­li­osos exem­plos: desde logo a re­ac­ti­vação do or­ga­nismo dis­trital de em­presas, pos­sível graças à res­pon­sa­bi­li­zação de novos qua­dros por cé­lulas e sec­tores (como o dos vi­gi­lantes). A di­na­mi­zação de três novas or­ga­ni­za­ções de re­for­mados, nos con­ce­lhos de Aveiro, Ovar e Feira; o re­tomar do con­tacto, ao fim de muito tempo, com muitos dos mi­li­tantes do Par­tido em Avanca, no con­celho de Es­tar­reja; e a ele­vação da par­ti­ci­pação de em­pre­sá­rios co­mu­nistas em es­tru­turas as­so­ci­a­tivas são ou­tros dos ga­nhos a re­gistar.

Só no con­celho de Aveiro, há nú­meros re­ve­la­dores: au­mentou em 30 por cento o nú­mero dos que pa­garam pelo menos uma quota no ano pas­sado e em 50 por cento os que pa­garam todo o ano; a venda do Avante! subiu 20 por cento.

Os co­mu­nistas da ci­dade de Beja des­tacam como mais im­por­tante van­tagem desta acção o que ela per­mite de co­nhe­ci­mento de­ta­lhado da or­ga­ni­zação par­ti­dária, o que per­mite «de­tectar os pontos fortes e fracos do tra­balho que os or­ga­nismos de di­recção têm de­sen­vol­vido ao longo dos pouco menos de três anos de exis­tência desta or­ga­ni­zação com a es­tru­tura que ac­tu­al­mente apre­senta». Se o ponto mais ne­ga­tivo é a au­sência de con­tacto com um nú­mero sig­ni­fi­ca­tivo de mi­li­tantes, a ac­tu­a­li­zação das fi­chas per­mitiu já ini­ciar um pro­cesso de cor­recção desta de­bi­li­dade, que po­derá mesmo cul­minar na co­op­tação de novos ele­mentos para o or­ga­nismo de di­recção.

O re­ce­bi­mento de mais verbas pro­ve­ni­entes de quo­ti­zação e de ou­tras ini­ci­a­tivas de an­ga­ri­ação de fundos é desde logo uma con­sequência di­recta da con­cre­ti­zação da acção de con­tactos em Ponte de Lima. Mas está longe, muito longe, de ser a única: «existe agora uma maior par­ti­ci­pação por parte dos ca­ma­radas na vida do Par­tido, no­me­a­da­mente nas obras de re­qua­li­fi­cação do Centro de Tra­balho, que se en­con­trava bas­tante de­gra­dado, e ao qual, com o tra­balho mi­li­tante dos ca­ma­radas, es­tamos a con­se­guir de­volver a sua dig­ni­dade», dizem-nos os co­mu­nistas lo­cais.

Em Vendas Novas há re­sul­tados «muito po­si­tivos» a re­gistar ao nível da quo­ti­zação e do fi­cheiro, que cor­res­ponde hoje à re­a­li­dade efec­ti­va­mente exis­tente, o que per­mi­tirá uma in­ter­venção po­lí­tica mais cer­teira. Destas ques­tões ocupou-se a 8.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Con­ce­lhia, re­a­li­zada a 8 de No­vembro, que apontou para a ne­ces­si­dade de re­forçar a li­gação do Par­tido aos tra­ba­lha­dores, às co­lec­ti­vi­dades e as­so­ci­a­ções, à ju­ven­tude e aos micro, pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios. Trata-se, enfim, de po­ten­ciar todas as imensas pos­si­bi­li­dades abertas pela acção de con­tactos.

Muito por onde crescer

Como se cons­tata pelo que aqui se re­lata (e pelas ex­pe­ri­ên­cias que o Avante! tem vindo a di­vulgar nos úl­timos meses), a acção de con­tactos com os mem­bros do Par­tido per­mitiu já um con­si­de­rável re­forço da or­ga­ni­zação e da in­ter­venção par­ti­dá­rias em inú­meras em­presas e lo­ca­li­dades do País. Mas há ra­zões só­lidas para pensar que o es­sen­cial está ainda para vir. As per­pec­tivas, pelo menos, são ani­ma­doras.

Na ci­dade de Beja, os co­mu­nistas acre­ditam que o «pro­fundo co­nhe­ci­mento dos ca­ma­radas e das suas dis­po­ni­bi­li­dades» al­can­çado ao longo dos úl­timos meses, com a con­cre­ti­zação da acção, aliada à per­cepção de que é ne­ces­sário al­terar al­guns mé­todos de fun­ci­o­na­mento, não dei­xará de ter «re­per­cus­sões sig­ni­fi­ca­tivas no re­forço do Par­tido». Não apenas nas ques­tões de or­ga­ni­zação in­terna, mas na pró­pria in­ter­venção junto dos tra­ba­lha­dores e do povo.

Também em Vendas Novas os co­mu­nistas estão apos­tados em apro­veitar os con­tactos efec­tu­ados para es­tru­turar o Par­tido de forma mais eficaz, cri­ando novos or­ga­nismos, desde logo um vol­tado para a ju­ven­tude. Mas pensam em ir mais longe, apro­vei­tando ideias e men­sa­gens sur­gidas nas di­versas con­versas e que, con­fiam, «podem vir a dar frutos no fu­turo». A pró­pria di­nâ­mica criada nos mi­li­tantes que há muito não eram con­tac­tados e que se vol­taram a in­te­ressar pela vida do Par­tido, a pro­curá-lo para es­cla­recer dú­vidas e cla­ri­ficar po­si­ções, abre novas pers­pec­tivas de tra­balho.

Em Ponte de Lima, os qua­dros mais ac­tivos do Par­tido es­peram, numa pri­meira fase, con­se­guir criar nos mi­li­tantes o há­bito de fre­quentar com maior re­gu­la­ri­dade o Centro de Tra­balho para daí se poder passar a uma mais alar­gada as­sumpção de ta­refas. Isto per­mi­tirá, de­pois, levar o Par­tido a mais fre­gue­sias e em­presas do con­celho.

Para os co­mu­nistas do dis­trito de Aveiro, os frutos da acção de con­tactos são imensos e há que saber colhê-los. Dela será pos­sível re­tirar, acres­centam, a «ca­pa­ci­dade de es­tru­turar e res­pon­sa­bi­lizar “mais a fundo”, per­mi­tindo apro­ximar o Par­tido do quo­ti­diano de mais gente, mi­li­tantes e não mi­li­tantes, pois está aberto um es­paço imenso para a (re)ac­ti­vação de or­ga­nismos de base». Assim te­nham os or­ga­nismos di­ri­gentes «mãos para dar conta de tudo» e ca­pa­ci­dade para apostar nos qua­dros que en­tre­tanto sur­giram e que ainda sur­girão, «pois é evi­dente que há no con­junto de mi­li­tantes gente muito vá­lida e que apenas é pre­ciso ir pu­xando por eles».

As opi­niões que muitos dos mi­li­tantes com quem se falou deram sobre o pró­prio fun­ci­o­na­mento e in­ter­venção do Par­tido aju­daram a que fossem dados muitos dos im­por­tantes passos que se ve­ri­fi­caram. De certa forma, afirmam, é pre­ciso «parar para pensar como apro­veitar toda esta di­nâ­mica».

 

Mais força à luta dos tra­ba­lha­dores

A re­ac­ti­vação do nú­cleo de Cabo Ruivo da cé­lula dos Cor­reios, há muito inac­tivo, é o re­sul­tado mais vi­sível da acção de con­tactos na­quele im­por­tante local de tra­balho da ca­pital – até há uns anos, a es­tação de Cabo Ruivo era mesmo a maior dos CTT a nível na­ci­onal, com mais de um mi­lhar de tra­ba­lha­dores. Os con­tactos, feitos por um mi­li­tante do Par­tido que é também di­ri­gente sin­dical, foram es­ta­be­le­cidos no Verão, no calor da luta em de­fesa do ho­rário con­tínuo (ou seja, contra mais uma hora de tra­balho não pago), em torno da qual se re­a­li­zaram greves, con­cen­tra­ções e ma­ni­fes­ta­ções.

Pelo mo­mento em que foi con­cre­ti­zada, a acção con­tri­buiu de­ci­si­va­mente para que os mi­li­tantes co­mu­nistas, e mesmo ou­tros tra­ba­lha­dores, te­nham com­pre­en­dido me­lhor a im­por­tância de o Par­tido estar ali or­ga­ni­zado: o que era um nú­cleo exis­tente apenas «no papel», passou a or­ga­nizar-se e a in­tervir. A re­gu­la­ri­zação da quo­ti­zação em atraso e o au­mento da di­fusão do Avante! são re­sul­tados vi­sí­veis desde já.

Mas, como disse ao Avante! Pedro Fa­róia, res­pon­sável do nú­cleo, o re­forço da ca­pa­ci­dade de re­sis­tência dos tra­ba­lha­dores para as exi­gentes lutas que se avi­zi­nham será por­ven­tura o mais im­por­tante le­gado desta acção. Está para breve a ne­go­ci­ação do acordo de em­presa e das con­di­ções do sis­tema de saúde, re­co­nhe­ci­da­mente um dos que é mais fa­vo­rável aos tra­ba­lha­dores. Se chegou a ser pon­de­rada a edição de um bo­letim es­pe­cí­fico do nú­cleo, tal ideia foi aban­do­nada, pois o ac­tual bo­letim da cé­lula dos Cor­reios po­derá chegar – como tem che­gado – a mais tra­ba­lha­dores do que os que prestam ser­viço em Cabo Ruivo. Uma coisa é certa: a pa­lavra do Par­tido é es­cu­tada e res­pei­tada, e a sua pre­sença or­ga­ni­zada na­quele local de tra­balho é re­co­nhe­cida como fun­da­mental para acres­centar força e sen­tido à luta dos tra­ba­lha­dores.