Recomeçam negociações de paz
A Colômbia voltou esta segunda-feira, 1, à mesa das negociações de paz em Havana, a fim de avaliar o processo e definir como deverá continuar, informou o presidente Juan Manuel dos Santos.
Alzate demitiu-se e reconheceu ter violado protocolos de segurança
O recomeço das negociações entre as autoridades colombianas e as Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia – Exército do Povo (FARC–EP) ocorre após a libertação do general Rubén Darío Alzate, capturado pelas forças guerrilheiras no departamento de Chocó, quando viajava à civil e sem escolta numa zona de operações de guerra. Continuam por esclarecer os motivos que levaram Alzate a aventurar-se na chamada «zona vermelha», apenas acompanhado pela advogada Gloria Urrego e pelo cabo Jorge Rodríguez (ambos capturados e posteriormente libertados com ele), mas o facto de o general ter apresentado a demissão, prontamente aceite pelo presidente Santos, é no mínimo estranho.
Após a sua libertação, Alzate reconheceu ter violado protocolos de segurança e «explicou» a sua presença no local com uma alegada «função social» visando impulsionar um projecto para promover o uso de energias alternativas. O facto de se encontrar à civil destinar-se-ia, segundo disse, a facilitar a aproximação às populações e a ganhar a sua confiança. É ainda de registar que Alzate reconheceu já ter feito outras incursões semelhantes na região.
Ultrapassado o impasse provocado por este estranho caso, o governo colombiano diz-se agora empenhado em analisar medidas para baixar o nível dos confrontos militares e reflectir sobre os recentes acontecimentos, segundo declarações do seu representante Humberto de la Calle, citado pela Prensa Latina.
Desde o início do processo negocial que as FARC – EP têm insistido que só será possível alcançar um ambiente verdadeiramente favorável às negociações com o estabelecimento de um cessar-fogo bilateral, mas o governo colombiano descartou até ao momento tal possibilidade, apesar de a mesma ser reivindicada por amplos sectores da sociedade. «Trégua já» foi de resto o lema de uma das manifestações realizadas nos últimos dias em Bogotá, justamente para exigir o recomeço das negociações de Havana. No mesmo sentido se manifestou, entre outros, o senador Iván Cepeda, afirmando que «se espera que a partir de agora haja declarações sobre medidas que contemplem a redução da intensidade da guerra, estabeleçam a desaceleração dos confrontos, que causaram mais de 230 mil mortos».
Recorda-se que desde o início das conversações, há dois anos, as partes chegaram a acordo sobre três pontos da agenda: reforma agrária, participação política e drogas lícitas.