Avançar, olhos nos olhos
A freguesia dos Olivais é uma das mais populosas do concelho de Lisboa; com os seus 34 mil eleitores, tem mais população do que grande parte dos concelhos do País. Adaptada à dimensão da freguesia, a organização do Partido está estruturada em seis núcleos: Norte, Centro, Poente, Nascente, Zona Velha e Bairro dos Ingleses. Foi precisamente a partir desta estruturação que se avançou para a acção de contacto com os membros do Partido, à qual a organização está a dar uma atenção particular: 77 por cento dos militantes foram já contactados.
Piedade Canhoto e Luísa Alves são responsáveis pelos dois núcleos principais (Norte e Centro, respectivamente), precisamente aqueles em que se concentra a maioria dos militantes do Partido na freguesia e onde a acção de contactos se encontra já praticamente concluída. Ambas explicam o êxito na concretização desta tarefa com a determinação com que é levada a cabo e com a proximidade existente entre a organização e os militantes.
Piedade Canhoto conta que, na zona em que intervém e pela qual responde (que abarca Olivais Norte, Encarnação e Quinta do Morgado), os contactos foram feitos porta-a-porta, não se dando por perdido o tempo passado a conversar com todos e cada um dos membros do Partido. Na mesma linha, Luísa Alves realça que conhece pessoalmente os militantes da Zona Centro e que os contacta com regularidade. Uma e outra conhecem, assim, o que pensam os militantes do Partido, onde e como vivem, as dificuldades que atravessam e quanto da sua disponibilidade pode ser dedicada ao Partido.
Passos seguros
No imediato, a acção de contactos com os membros do Partido já deu os seus frutos. Na Zona Centro, por exemplo, o núcleo começou a reunir com regularidade a partir destes contactos e à medida que novas disponibilidades se revelavam, por menores que possam parecer. Um militante, que praticamente não sai de casa, aceitou colaborar na elaboração da folha informativa do PCP (ou da CDU), que aborda sobretudo questões locais. Uma das edições teve tal impacto que levou à convocação de uma reunião da Assembleia de Freguesia para debater um dos assuntos denunciados pelo Partido: a extensão do estacionamento pago àquela zona dos Olivais.
Mas há mais: um outro militante aceitou distribuir propaganda do Partido nas imediações da sua casa, ao passo que outro ainda trata da recolha da quotização, da distribuição de propaganda e de convocatórias aos militantes e amigos mais próximos.
Para Fernando Bárbara, responsável pela organização dos Olivais, a própria realização da assembleia da organização de freguesia, em Setembro passado, ficou a dever-se, em grande medida, à acção de contactos. A partir das conversas feitas e do conhecimento adquirido dos militantes, das suas capacidades e disponibilidades, foi possível dar mais consistência à estruturação do Partido e reactivar alguns núcleos.
A responsável da Zona Norte acrescentou que, fruto de uma acção de porta-a-porta realizada numa única noite, foi possível levar a essa assembleia dez militantes da Quinta do Morgado.
Preparar o futuro
Muito embora a acção de contactos esteja muito avançada, os comunistas dos Olivais não dão a tarefa por cumprida. Pelo contrário, olham para o que alcançaram projectando o muito que falta ainda conseguir. O alargamento do núcleo activo do Partido, na freguesia e em cada um dos núcleos, é uma das principais prioridades, tendo em conta as dificuldades que persistem e a extensão da área em que intervém. Para Fernando Bárbara, importa cimentar o funcionamento regular dos dois núcleos mais activos e prosseguir o reforço dos restantes. Em dois deles, Nascente e Bairro dos Ingleses, já se está a dar passos nesse sentido.
Decisivo é também, lembra o camarada, o recrutamento. Embora habitem nos Olivais muitos comunistas em idade activa (que, como é orientação do Partido, estão inseridos nas suas células ou sectores profissionais), a maioria da organização é composta por reformados, alguns dos quais bastante idosos. Atrair para o Partido gente mais nova é, pois, uma questão central. Para Fernando Bárbara, os independentes que, nas últimas autárquicas, integraram a lista da CDU, são um bom ponto de partida.