Letónia sem mudança
O partido Saskana («Harmonia») foi a força mais votada nas eleições da Letónia, de dia 4, obtendo 23,13 por cento dos votos e 24 deputados dos cem que constituem o Saeima (parlamento).
Partido do governo falha objectivo eleitoral
O partido Harmonia, liderado pelo presidente da Câmara Municipal de Riga, Nil Uchakov, já tinha ganho as eleições de 2011, então com 28 por cento e 31 deputados. No entanto, a junção das restantes forças remeteu o partido Harmonia para a oposição.
Nestas eleições, o partido de direita Vienotiba («Unidade»), no governo, embalado pelo recente êxito nas eleições para o Parlamento Europeu, em que obteve 46,2 por cento dos votos, beneficiando da queda a pique do «Harmonia» que se ficou pelos 13 por cento, pretendia tornar-se a primeira força política, objectivo que falhou estrondosamente.
Com efeito, o «Unidade» recolheu apenas 21,76 por cento dos sufrágios elegendo 23 deputados. Ainda assim, progrediu três pontos percentuais em relação a 2011 (18,83%).
Avanço importante teve a aliança de agricultores e verdes «Zalo un Zemnieku Savieniba» (ZZS), que passou de 12,22 por cento em 2011 e de 8,3 por cento nas eleições para o Parlamento Europeu, para 19,62 por cento e 21 deputados, tornando-se a terceira força no país.
À direita, a Aliança Nacional (Nacionala Apvieniba – TB/LNNK) subiu de 13,88 por cento e 14 deputados há quatro anos para 16,57 e 17 deputados.
Outro partido conservador, o «No Sirds Latvijai» (NSL) («Pela Letónia, do Coração»), conseguiu entrar no parlamento com 6,88 por cento e sete deputados.
Finalmente, também o movimento «Latvijas Regionu Apvieniba» (Aliança das regiões da Letónia) conseguiu ficar representado no parlamento, obtendo 6,55 por cento dos votos e oito deputados.
Deste modo bastará que estes três partidos de direita apoiem o «Unidade» para garantirem uma maioria absoluta de 55 deputados.
Mas essa maioria poderá ser reforçada com os deputados da Aliança de Agricultores e Verdes, que se declarou disposta a formar um governo de coligação com o «Unidade», o que aliás já acontecia no executivo cessante.
Malgrado ser a força mais votada, o partido Harmonia, apoiado pela «minoria» russa que constitui 30 por cento da população, permanecerá certamente na oposição.
Refira-se ainda que dos cerca de 1,5 milhões de votantes inscritos, apenas 58,75 por cento exerceram o direito de voto, o que constituiu a taxa de participação mais baixa desde a separação das repúblicas bálticas da URSS.
Dos cerca de 2,2 milhões de habitantes, perto de 300 mil pessoas, na sua maioria de origem russa, continuam sem ter direito a voto, devido ao estatuto de «não cidadão» aplicado aos residentes não naturalizados.