A luta pela paz
A crescente agressividade de EUA e seus aliados da União Europeia, designadamente no âmbito da NATO, não é alheia às suas perdas de importância económica face ao crescimento da Ásia, com destaque para a China e, embora em menor grau, de melhorias económicas e sociais nalgumas zonas da América Latina, mesmo que persistam as ameaças dos fundos-abutre de esmagar a Argentina, que continue o boicote económico dos EUA a Cuba e ainda haja, por vezes, algumas veleidades de tentar desestabilizar a República Bolivariana da Venezuela, a Bolívia ou o Equador.
Por isso, temos de procurar olhar para lá da espuma das declarações sobre a constante multiplicação de conflitos armados em diferentes zonas do mundo e procurar ver as suas causas intrínsecas, os interesses em jogo e, sobretudo, tentar perceber quem vai ganhar com mais uma guerra, porque perder sabemos sempre que são as populações, com destaque para crianças, mulheres e idosos.
Enquanto a cada vez mais visível crise do capitalismo internacional se agrava, aumentam as ameaças, ingerências e agressões aos povos em todas as zonas que o imperialismo considera fundamentais para o controlo das matérias-primas, das áreas geoestratégicas, dos países cujos governos se opõem ao domínio imperialista dos EUA, da NATO e da União Europeia.
Enquanto os trabalhadores, reformados e juventude sofrem as consequências desta crise, cheia de escândalos do sector financeiro, com os seus offshores, swapps e toda a panóplia de instrumentos que permitem transformar dívidas privadas (por, exemplo de famílias banqueiras e outras do género) em dívidas públicas, soberanas, que o povo tem de pagar, com cortes em salários, em reformas e em apoios sociais, com mais desemprego e empobrecimento, surgem novos apelos ao reforço do militarismo, ao escandaloso aumento do orçamento militar, com o próprio primeiro-ministro Passos Coelho a admitir a possibilidade de mandar portugueses para essa nova força de intervenção rápida que os líderes imperiais decidiram criar nesta última Cimeira da NATO, sobretudo para enfrentar a Federação da Rússia.
Seguramente desde a Segunda Guerra Mundial não se vivia tamanha destruição de povos e países, particularmente visível desde 2001, com a invasão do Afeganistão e logo depois, em 2003, do Iraque tendo como justificação uma das maiores mentiras de sempre, as ditas armas de destruição maciça que nunca ninguém viu. Seguiu-se uma lista imensa de países bombardeados, com destaque para a Líbia, Líbano, diversas vezes a Palestina, Síria, os numerosos conflitos em diversos países de África e na Ásia, o que agravou a situação de anomia, de caos e de barbárie em muitos lados.
E novamente a guerra ameaça a Europa, onde, na ex-Jugoslávia, há 15 anos, pela primeira vez após a Segunda Guerra Mundial, a NATO bombardeou um povo europeu, para impor a destruição de um Estado. Agora, após o apoio à destabilização da Ucrânia e ao golpe fascista de Fevereiro passado, todas as ameaças permanecem e se intensificaram com as conclusões da última Cimeira da NATO, realizada há dias, no País de Gales, no Reino Unido, o qual, mesmo desunido, mantém uma poderosa máquina bélica agressiva e o conhecido apoio militar e político aos governos dos EUA, sejam de Bush ou de Obama.
É preocupante o cerco à Federação da Rússia, o reforço do agressivo sistema anti-míssil nos países vizinhos, a tentativa de atrelar a Ucrânia simultaneamente à União Europeia e à NATO, as declarações de Obama sobre a coligação internacional que está a tentar formar com apoios árabes e também europeus, com o empenho de François Hollande, para intervir novamente no Iraque e tentar chegar à Síria, a pretexto do combate aos chamados radicais islamitas.
A loucura da guerra é uma ameaça cada vez maior sobre os povos do Mundo, incluindo da Europa, como dramaticamente se vê todos os dias nas afirmações de líderes que se julgam donos do Mundo: EUA, NATO e seus aliados da União Europeia. Mas a guerra não é inevitável. Impõe-se exigir com vigor a dissolução da NATO, o desarmamento nuclear, o respeito pelo direito soberano de cada povo escolher o seu caminho de progresso e de paz.
O reforço do movimento da luta pela Paz, como aconteceu há cerca de 65 anos, quando se criou o Conselho Mundial da Paz, é uma questão civilizacional da actualidade, para defender o futuro. Neste contexto, foi importante o alerta do próprio Papa Francisco para os perigos de uma terceira guerra mundial, mesmo que disputada em fragmentos, com crimes, massacres e destruição. Tal como é importante que em diversas partes do mundo, incluindo em Portugal, cresçam os protestos contra estas graves ameaças à Paz, como vimos em pleno Agosto, com a participação de muitas centenas de democratas em acções públicas de solidariedade com a Palestina, em diversos locais do País.
Pela Paz, todos não somos demais.