Derrota por falta de comparência

Nuno Gomes dos Santos

Num jogo, por mais inócuo ou mais sério que seja, não há que fugir de três hi­pó­teses de­fi­ni­tivas e fi­nais: ou se ganha, ou se perde, ou se em­pata. Num jogo há, sempre, quem de­fenda a sua ca­mi­sola, no lado oposto de quem de­fende a dele, ou deles.

Em al­guns «des­portos» há «mer­ce­ná­rios», ou seja, jo­ga­dores que, es­tando-se ma­rim­bando para o «amor à ca­mi­sola», jogam por pro­ventos, muitas vezes não poucos. Porém, sendo ou não só­cios mi­li­tantes das cores que en­vergam, jo­gando por di­nheiro ou por an­seios de tram­polim para ou­tros vôos, en­quanto en­vergam a dita ca­mi­sola de­fendem-na e pronto.

Ob­servei al­guns jogos do cam­pe­o­nato na­ci­onal. Numa das mo­da­li­dades, vi re­sul­tados adul­te­rados no re­la­tório final que va­li­davam golos em off-side da equipa do MEC e anu­lavam um tiro cer­teiro da equipa da FEN­PROF, com a agra­vante da ex­pulsão de muitos jo­ga­dores desta úl­tima que, ou não pas­saram nos testes de ap­tidão ou foram postos fora de com­bate por via de re­gu­la­mentos que adul­te­raram a ver­dade do jogo.

Noutra com­pe­tição, a equipa da Função Pú­blica (FP) de­fron­tava o seu ad­ver­sário, cuja trei­na­dora subs­ti­tuta, a D. Al­bu­querque, no cargo por in­ca­pa­ci­dade no­tória do auto-de­mi­tido «coach» Gaspar, ma­ni­pu­lava as re­gras da com­pe­tição, re­ti­rando à FP a ca­pa­ci­dade de con­tratar re­forços le­gais e vendo-se pre­ju­di­cada por car­tões ver­me­lhos sem justa causa, va­lendo, no caso, o ár­bitro, por abre­vi­a­tura TC, que apitou nos li­mites das in­fra­ções mais vi­o­lentas.

A equipa do PG (Povo em Geral), essa sim, sempre de­fendeu, no ter­reno e com cla­ques ge­nuínas e sem sub­sí­dios, a ca­mi­sola, suada de mui­tís­simas jor­nadas, numa com­pe­tição de­so­nesta contra quem, passo a Passos, foi abrindo Portas à de­so­nes­ti­dade e à ba­tota, com jo­gadas sujas e sub­ma­rinas. Mesmo assim o re­sul­tado, afi­ança quem, com (cons­ci­ência de) classe faz prog­nós­ticos cre­dí­veis antes do fim do jogo, a vi­tória há-de sorrir, apesar das inú­meras le­sões, aos do Povo em Geral.

Noutro jogo, a equipa que, por ter o aval da ter­ceira pessoa da san­tís­sima trin­dade, pe­ro­rava má­ximas de eu­ro­mi­lhões, perdeu por in­sol­vên­cias ca­pi­tais, mu­dando, com lá­grimas tar­dias e sal­gadas, o nome do clube, por im­po­sição su­pe­rior, des­cendo de di­visão e dei­xando os só­cios a re­clamar das quotas pagas sem re­sul­tados con­di­zentes com o in­ves­ti­mento.

Não por ca­pa­ci­dade pró­pria, mas por des­leixo de en­co­lher de om­bros de uma AG de só­cios – então 'tá bem, prontos, manda lá no clube maior e de­pois logo se vê –, foi para a con­tenda um tal PR. Tão mal jogou – ou não jogou – que perdeu por falta de com­pa­rência!

O cam­pe­o­nato segue dentro de mo­mentos.




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