Integração económica trouxe
poucos benefícios para Portugal

Quem lucrou com o mercado único?

A Ale­manha foi o país que mais pro­veito tirou do mer­cado único, ob­tendo um cres­ci­mento anual médio de 37 mil mi­lhões de euros, ou seja, um au­mento de 450 euros por pessoa.

Ale­manha e Di­na­marca foram os grandes be­ne­fi­ci­ados

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A cri­ação do mer­cado único, em vigor desde 1993, foi acom­pa­nhada de uma in­tensa cam­panha de pro­pa­ganda em torno dos seus in­ques­ti­o­ná­veis be­ne­fí­cios. A livre cir­cu­lação de bens, pes­soas, ser­viços e ca­pital, a re­moção de bar­reiras co­mer­ciais, traria pros­pe­ri­dade a todos, tor­naria as im­por­ta­ções mais ba­ratas au­men­tando o poder de compra dos con­su­mi­dores.

To­davia, pas­sadas mais de duas dé­cadas, um es­tudo en­co­men­dado pela fun­dação alemã Ber­tels­mann, di­vul­gado dia 28 de Julho, vem de­mons­trar o que para muitos era uma evi­dência.

Os ga­nhos com a in­te­gração eco­nó­mica não foram pro­por­ci­o­nais. Os países in­dus­tri­a­li­zados do Norte e Centro da Eu­ropa, com a Ale­manha e a Di­na­marca à ca­beça, ob­ti­veram os mai­ores be­ne­fí­cios. Pelo con­trário, os efeitos para os países do Sul são pouco ex­pres­sivos ou mesmo ne­ga­tivos em termos de pros­pe­ri­dade.

Assim, entre 1992 e 2012, a Ale­manha viu o seu pro­duto In­terno Bruto au­mentar 37 mi­lhões de euros em média anual, ou seja, um acrés­cimo de 450 euros por ha­bi­tante. Na Di­na­marca, o ganho per ca­pita foi ainda maior: 500 euros.

A Áus­tria e Fin­lândia ocupam o ter­ceiro e quarto lu­gares com ga­nhos de 280 e 220 euros por ha­bi­tante res­pec­ti­va­mente, se­guindo-se a Bél­gica (com 180 euros).

Em con­tra­par­tida, o apro­fun­da­mento da in­te­gração eu­ro­peia sig­ni­ficou para a Itália um au­mento médio anual no ren­di­mento de apenas 80 euros per ca­pita, de 70 euros em Es­panha e na Grécia e de apenas 20 euros em Por­tugal.

De igual modo, a Ale­manha e a Di­na­marca se­riam os países que mais te­riam per­dido sem a con­cre­ti­zação do mer­cado único.

Nesse ce­nário, o ci­tado es­tudo re­fere que o PIB alemão em 2012 seria 2,3 por cento in­fe­rior, com perdas per ca­pital de 680 euros. Na Di­na­marca, o PIB seria dois por cento menor, com uma perda no ren­di­mento per ca­pita de 720 euros.

Pelo con­trário, sem o mer­cado único, o PIB da Grécia teria um ganho real de 1,3 por cento, ou seja, um acrés­cimo de 190 euros por ha­bi­tante.

Mas se o ba­lanço é cla­ra­mente ne­ga­tivo para a Grécia, Por­tugal fica no fundo da ta­bela, a par da Suécia, com um ganho de 0,4 por cento.

Cu­ri­o­sa­mente, também a Grã-Bre­tanha re­tirou pouco pro­veito do mer­cado único – apenas um acrés­cimo de 10 euros per ca­pita –, o que talvez ex­plique o forte mo­vi­mento in­terno que de­fende a des­vin­cu­lação do país da União Eu­ro­peia.

O es­tudo foi re­a­li­zado pelo centro suíço de in­ves­ti­gação e con­sul­ta­doria Prognos AG e in­cidiu sobre 14 Es­tados-mem­bros no pe­ríodo entre 1992 e 2012.




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