Catástrofe anunciada
A Companhia Nacional Líbia de Petróleo (NOC) alertou para a eminência de uma catástrofe na capital do país caso os técnicos não consigam travar o incêndio nos reservatórios de petróleo e gás. Uma das infraestruturas foi atingida por um míssil durante combates entre facções rivais, e na segunda-feira, 28, persistia o perigo de propagação do fogo aos restantes reservatórios, que de acordo com um responsável da NOC, citado pela Lusa, contêm um total de 90 milhões de litros de hidrocarbonetos. Este é mais um episódio da guerra intestina entre milícias que, desde 13 de Julho, voltou a tomar contra do território. Segundo o mais recente balanço divulgado pelo Ministério da Saúde líbio, pelo menos 97 pessoas já morreram e mais de 400 ficaram feridas nas últimas duas semanas em Tripoli. Na segunda maior cidade do país, Benghasi, só entre sábado e domingo morreram 38 membros de grupos armados, noticiou a EFE. Em resultado do recrudescimento da violência, os EUA anunciaram o encerramento temporário da embaixada em Tripoli. Vários países europeus, bem como a China, apelaram aos seus cidadãos para abandonarem a Líbia e, na debandada, a coluna diplomática britânica acabou mesmo por ser atacada. Recorde-se que no dia 17, durante uma intervenção no Conselho de Segurança da ONU, o ministro líbio dos Negócios Estrangeiros reiterou o pedido de «ajuda internacional» para restabelecer a ordem no país, considerando que «se a Líbia se tornar num Estado em desagregação, nas mãos de grupos radicais e de senhores da guerra, as consequências serão profundas e talvez irreversíveis». Mohamed Abdelaziz deu, assim, razão aos que advertiram para as consequências catastróficas da agressão da NATO à Líbia em apoio aos bandos jihadistas que se levantaram em armas para derrubar o regime liderado por Muhamar Kadhafi.