O pedido formulado por Barack Obama na quinta-feira, 26, significa que, em apenas um ano, os norte-americanos vão financiar os mercenários na Síria com quase o dobro do financiamento que lhes atribuíram nos últimos três anos, de acordo com cifras oficiais citadas pela Prensa Latina.

O presidente norte-americano e altos funcionários do Pentágono justificam o reforço do que chamam de «oposição moderada síria» com o suposto combate ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), mas retomam o programa de treinos da CIA na Jordânia, onde muitos dos jihadistas do EIIL foram adestrados.

Em visita oficial à Arábia Saudita, sexta-feira, 27, o secretário de Estado John Kerry reuniu com com o líder da «oposição síria», Ahmad al-Jarba, e pediu o afastamento definitivo do príncipe Bandar da chefia dos serviços secretos. O aristocrata saudita já tinha deixado a inteligência, mas a exclusão de um general que lhe era próximo, noticiada anteontem pela Lusa, mostra que Washington recrimina Bandar pela promoção de uma intervenção militar directa dos EUA na Síria em prejuízo da coordenação militar dos grupos armados, que os norte-americanos consideram capazes de repetir o desfecho na Líbia.

Estes factos, acrescidos do anúncio da realização de um referendo independentista no Curdistão Iraquiano, da pressão permanente da Casa Branca sobre o primeiro-ministro do Iraque e da opção do Pentágono em garantir apenas a segurança da embaixada dos EUA e o aeroporto de Bagdad, mostram que o imperialismo prossegue a balcanização do Médio Oriente através da internacionalização do conflito sírio.

Washington e os seus aliados reagiram com palavras suaves ao anúncio, pelo EIIL, da constituição de um califado islâmico, evidenciando que o controlo por parte dos jihadistas de um território que se estende do Norte da Síria às portas de Bagdad e à fronteira com a Jordânia pode servir os interesses de divisão do Iraque e da Síria.

E em paralelo ainda decorre a campanha de Israel contra a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, a qual recrudesceu depois da descoberta dos corpos dos três adolescentes israelitas, desaparecidos a 12 de Junho. As organizações palestinianas recusam responsabilidades no sequestro e assassinato dos jovens colonos, mas Telavive recrudesce a ofensiva prometendo esmagar a Palestina.