Médio Oriente sob fogo
O presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) apelou, domingo, 22, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para que reúna com carácter de emergência a fim de condenar a agressão israelita contra o povo palestiniano.
Israel pretende debilitar os que resistem à sua hegemonia
Em comunicado, Mahmud Abbas denunciou que as operações militares desencadeadas a propósito do desaparecimento de três jovens habitantes de um colonato ilegal em Hébron, na Cisjordânia, já provocaram a morte a seis palestinianos. Na vaga repressiva, as forças armadas sionistas invadiram quase um milhar de habitações e detiveram cerca de 400 civis, 81 dos quais libertados ao abrigo da troca de prisioneiros negociada, em 2011, entre autoridades palestinianas e israelitas, acordo cujo incumprimento por parte de Israel contribuiu para a interrupção das conversações de paz, no passado mês de Abril.
A maioria dos detidos durante a ofensiva em curso são menores de idade, adiantam igualmente fontes palestinianas, que actualizam em 5700 o total de palestinianos que se encontram presos em cárceres de Israel, aproximadamente um terço dos quais ao abrigo do regime de detenção administrativa, que permite a Telavive manter os reclusos em cativeiro indefinidamente sem acusação formal.
O número de homens e meios destacados por Israel na agressão só é comparável aos mobilizados para os territórios palestinianos durante a segunda Intifada (2000-2005), facto que acrescido à carência de provas sobre o envolvimento dos palestinianos no pretenso rapto dos estudantes tem levado os responsáveis árabes a acusar Israel de usar o alegado sequestro como pretexto para impor ao povo palestiniano um castigo colectivo pela formação recente do governo de unidade entre a Fatah e o Hamas.
Frente síria
Paralelamente, e no que parece ser uma estratégia de fomentar os conflitos no Médio Oriente com o propósito de debilitar quem resiste à imposição da sua hegemonia, Israel bombardeou várias posições das forças armadas sírias nos Montes Golã. O mais grave incidente militar naquela região desde o início da agressão imperialista à Síria, em 2011, ocorreu depois da morte de um jovem árabe-israelita, na sequência do disparo de uma granada antitanque do lado sírio.
O disparo não foi reivindicado e terá partido de uma zona disputada entre as autoridades de Damasco e grupos terroristas, mas isso não coibiu Telavive de responder, sábado, 21, com bombardeamentos de tanques, e domingo, 22, com ataques aéreos visando posições do Exército Árabe Sírio, com quem Israel se mantém tecnicamente em guerra desde a ocupação de parte do planalto dos Golã, em 1973. A Reuters noticiou que pelo menos dez soldados morreram em resultado dos bombardeamentos israelitas.
A tentativa de reacender o conflito nos Golã surge justamente quando o executivo liderado por Bachar al-Assad dá nota do progressivo avanço das suas tropas nas províncias de Homs, no centro do território, em Aleppo, Latakia e Idleb, no Norte, e em Deraa, no extremo Sul. O Governo sírio informou, ainda, do sucesso obtido junto à fronteira com o Líbano, onde lograram impedir a infiltração de grupos mercenários durante o fim-de-semana.
Menos sucesso têm tido em impedir os atentados terroristas e a morte de centenas de civis em consequência destes, conforme foi denunciado por Damasco em carta enviada, também durante o fim-de-semana, ao secretário-geral e ao Conselho de Segurança da ONU. A Síria exige que ambos condenem os ataques e tomem iniciativas com o objectivo de travar os grupos responsáveis pela violência, nomeadamente através do bloqueamento do seu financiamento por parte das potências imperialistas e das petromonarquias do Golfo Pérsico.
Quarta-feira, 18, nas Nações Unidas, o embaixador sírio exigiu igualmente o fim da duplicidade na abordagem ao drama humanitário desencadeado na Síria pela guerra terrorista, apelou à concretização da prometida ajuda à população afectada pelo conflito, e sublinhou a disposição inabalável da Síria no cessar das hostilidades e em facilitar a canalização do auxílio de emergência.
A provar que o vínculo de Damasco com a pacificação do território é sério, na segunda-feira, 22, a Organização para a Proibição das Armas Químicas confirmou que a totalidade do arsenal sírio foi retirado do país, conforme estabelecido no acordo entre os EUA e a Rússia, cuja implementação ficou a cargo da OPAQ e da ONU, e cuja conclusão deixa os EUA e Israel sem pretexto para promoverem uma campanha militar contra a Síria.