Despedimento colectivo na Controlinveste

SJ apela à resistência activa

O despedimento de 160 trabalhadores no sector da Comunicação Social agravará a exploração e terá efeitos na qualidade, pluralidade e rigor do serviço prestado por diversos órgãos.

Sacrificar postos de trabalho foi a opção do grupo empresarial

LUSA

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No dia 11, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) repudiou em comunicado a decisão anunciada nesse dia pela administração do Grupo Controlinveste de despedir 160 trabalhadores – 140 através de despedimento colectivo e 20 através de rescisões por mútuo acordo. Este processo, que se configura como um dos maiores despedimentos colectivos dos últimos anos em Portugal no sector da Comunicação Social, abrange 64 jornalistas, sendo especialmente visados o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias, a Global Imagens e a TSF.
A administração da Controlinveste, empresa que ainda recentemente foi alvo da confiança de um conjunto de accionistas, que reforçaram as suas finanças, afirma agora que os despedimentos constituem «uma decisão estratégica de redução de custos para garantir a sustentabilidade» do negócio. O SJ manifesta-se preocupado com a medida e defende que é necessário encontrar alternativas, considerando que «os despedimentos e a degradação das condições de trabalho não devem – não podem – ser a única solução» para resolver dificuldades económicas.
O SJ recorda que os jornalistas e os outros trabalhadores afectados têm direito a comparecer ao trabalho e a exigir que lhes sejam atribuídas tarefas e apela a todos que o façam, «como forma activa de resistirem ao despedimento e defenderem os postos de trabalho».

Em plenários realizados nos dias 13, 16 e 17, os jornalistas das publicações da Controlinveste e da rádio TSF aprovaram uma moção em que exigem a suspensão do despedimento colectivo e a negociação de alternativas que preservem os postos de trabalho. Os jornalistas decidiram ainda realizar vigílias, iniciativas de informação às populações, dinamizar um manifesto e mandatar o SJ para convocar uma greve de 24 horas.
No dia 12, um grupo de jornalistas de vários órgãos de comunicação social concentrou-se frente à sede do Diário de Notícias em Lisboa, em protesto contra o despedimento colectivo na Controlinveste. Em declarações à Lusa, Fernando Valdez, da direcção do SJ, afirmou que este despedimento não tem «qualquer justificação» e que «as administrações não procuram encontrar soluções em diálogo com os trabalhadores», sublinhando os efeitos negativos na qualidade da informação que «esta saída em massa» irá ter.

Também no dia 12, o Gabinete de Imprensa do PCP emitiu um comunicado em que se denuncia este despedimento colectivo, se destaca o seu impacto na qualidade do serviço prestado em vários órgãos de comunicação e se recorda que a situação «não é alheia à política seguida pelo actual Governo, que favorece a concentração dos órgãos de comunicação social» e «permite a degradação das condições de trabalho no sector».

O PCP, que se solidariza com os trabalhadores atingidos e apela à sua mobilização, assume o compromisso de levar por diante as iniciativas que considerar pertinentes na defesa dos postos de trabalho e dos direitos dos trabalhadores.




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