Esquerda no parlamento
O Partido do Trabalho da Bélgica conseguiu pela primeira vez, dia 25, eleger deputados para os parlamentos da Valónia e de Bruxelas, conquistando ainda dois lugares no parlamento federal.
Uma nova voz no parlamento em defesa dos mais fracos
Os nacionalistas flamengos da Nova Aliança (V-VA), liderados pelo presidente do município da Antuérpia, Bart De Wever, foram a força mais votada a nível nacional, com 20,3 por cento e 33 deputados no parlamento federal.
Os sociais-democratas (PS) do primeiro-ministro, Elio Di Rupo, caíram de 13,7 por cento e 26 deputados para 11,7 e 23 deputados, seguindo-se a o Movimento Reformador (direita), com 9,6 por cento e 20 deputados, os democratas-cristãos (CD&V), com 11,6 por cento e 18 deputados, os liberais-democratas (Open VLD) com 9,8 por cento e 14 deputados, os sociais-democratas flamengos (SP.A), com 8,8 por cento e 13 deputados e o Centro Democrático Humanista (CDH) com cinco por cento e nove deputados. Os verdes (Green e Ecolo) alcançam 5,5 e 3,3 por cento, elegendo seis deputados cada. Por seu turno, os nacionalistas de extrema-direita, Vlaams Belang (Interesse Flamengo), sofrem uma pesada derrota, baixando de 7,8 por cento e 12 deputados para 3,7 por cento e três deputados.
O êxito do PTB
É neste quadro político partidário que o Partido do Trabalho da Bélgica obtém um assinalável êxito eleitoral, obtendo 3,7 por cento (251 276 votos) e dois deputados no parlamento federal, contra 1,5 por cento (101 088 votos) em 2010.
Este avanço é sublinhado pelo crescimento na comunidade francófona, onde sobe 4,4 pontos percentuais para 5,5 por cento, bem como na comunidade de língua holandesa (de 0,9 para 2,4%).
Porém os melhores resultados do PTB foram obtidos nos bastiões operários da Valónia, com 4,9 por cento em Namur, 5,1 por cento em Hainaut e 8,1 por cento em Liège. Na Flandres, recolhe 4,5 por cento na região da Antuérpia e 8,9 por cento na cidade homónima.
Nas eleições regionais, o PTB alcança 5,8 por cento na Valónia, elegendo dois deputados para o parlamento valão, 3,9 por cento na região de Bruxelas, onde elege quatro deputados, e por fim 2,5 por cento para o parlamento flamengo.
Em defesa dos trabalhadores
Durante a campanha, como assinalou o presidente do PTB, Peter Mertens, na noite das eleições, o partido comprometeu-se a defender «os interesses da classe trabalhadora, em toda a sua diversidade; dos jovens em toda a sua dinâmica; dos que não têm voz, daqueles que, nesta sociedade, são considerados como números; de todos aqueles que vivem tempos difíceis».
O discurso do partido assentou em três linhas principais: obrigar os ricos a pagar, através de um profunda reforma fiscal (impostos sobre as grandes fortunas e redução do IVA); defender os serviços públicos, desde logo pela nacionalização da banca e recuperação da totalidade do capital dos Correios pelo Estado; criar emprego estável, combater a precariedade e os despedimentos, estimular a aposentação após 38 anos de contribuições.
O PTB é também um dos poucos partidos nacionais que rejeita as fracturas linguísticas e regionais, a xenofobia e o separatismo, lutando pela unidade nacional e a integração dos imigrantes.