A luta não abranda
Em luta pelos seus direitos, aumentos salariais, melhores condições de vida ou a defesa do serviço público, os trabalhadores estão a mobilizar-se fortemente em diversas empresas.
Registou-se um alto nível de adesão nas greves realizadas
Os trabalhadores da Amarsul/EGF, empresa que efectua a recolha, valorização e tratamento dos resíduos sólidos em nove concelhos da Península de Setúbal, fizeram greve nos dias 30 de Abril e 2 de Maio, em defesa dos postos de trabalho, do acordo de empresa, do aumento dos salários e contra a privatização da Empresa Geral do Fomento (EGF). De acordo com o STAL e o SITE Sul, em ambas as jornadas de luta a adesão foi superior a 90 por cento, o que levou à paralisação completa das estações de tratamento de Palmela, Setúbal e Seixal.
Em comunicado, o SITE Sul enfatiza a necessidade de manter a EGF (empresa pública ligada aos sistemas de tratamentos de resíduos sólidos, cuja privatização foi aprovada pelo Governo em Janeiro) no sector público e destaca que, com esta acção de luta, os trabalhadores quiseram denunciar «os contornos de um negócio ruinoso para o País, que poderá levar à delapidação de centenas de milhares de euros do erário público», e que será danoso para os trabalhadores e as populações.
Foi também «muito elevada» a adesão dos trabalhadores das minas da Panasqueira, em luta por melhores salários e condições de vida, à greve convocada pelo Sindicato da Indústria Mineira para os dias 30 de Abril e 2 de Maio, segundo revelou um dirigente do sindical à Lusa. Apesar do recuo da Beralt na tentativa de imposição de horários contínuos de dez horas, os trabalhadores decidiram manter a luta, num plenário realizado a 11 de Abril, por considerarem a proposta de aumento salarial de dez cêntimos por dia «manifestamente insuficiente».
No sector ferroviário, depois da moção aprovada a 3 de Abril na estação de Santa Apolónia em que se propôs aos trabalhadores e suas organizações a realização de uma jornada de luta que os unisse a todos «num gigantesco “Basta!”», várias organizações sindicais, entre as quais a FECTRANS e o SNTSF, decidiram, no dia 15, convocar uma greve de 24 horas para 8 de Maio na REFER, na CP e CP Carga. De acordo com a informação divulgada pelo SNTSF/FECTRANS, os trabalhadores lutam pela: actualização dos salários; cumprimento integral do Acordo de Empresa; defesa dos postos de trabalho; direito dos ferroviários e suas famílias às concessões; fim do processo de liquidação do sector ferroviário nacional; um serviço ferroviário público, de qualidade e seguro; manutenção da REFER como empresa pública e independente das Estradas de Portugal.
Nos dias 15 e 16 de Maio, os trabalhadores da empresas TST, Grupo Transdev e Rodoviária de Lisboa, do sector rodoviário pesado de passageiros, irão realizar greves de 24 horas e plenários contra o «chamado tempo de disponibilidade», que, de acordo com a informação divulgada no portal da FECTRANS, visa, entre outras coisas: aumentar e flexibilizar os horários de trabalho; desrespeitar a contratação colectiva; descaracterizar o trabalho extraordinário e reduzir o seu pagamento; deixar de pagar o trabalho nocturno; eliminar postos de trabalho.