Crise na Ucrânia

Conflito prossegue

O governo alimenta o confronto criando condições para a guerra civil, diz o Partido Comunista da Ucrânia em nota emitida no dia em que Rússia, Ucrânia, EUA e UE prometeram a reduzir a tensão no território, o que não se verifica.

Em comunicado divulgado quinta-feira, 17, o PCU denuncia que as autoridades golpistas tudo fazem para inviabilizar a existência do partido e banir a sua actividade, e detalham que tal objectivo está a ser perseguido através da falsificação de documentos e da intensificação da campanha anticomunista e das intimidações, de ataques a dirigentes, militantes e instalações do PCU, e do recente pedido de extinção da organização, apresentado oficialmente junto do Supremo Tribunal.

O PCU alerta, ainda, que a Ucrânia está a transformar-se «num país sob ditadura fascista», e que Kiev alimenta «o conflito social e cria condições para uma guerra civil».

No mesmo dia em que o PCU difundiu o texto, Rússia, Ucrânia, EUA e UE concordaram, em Genebra, o desmantelamento de todas as milícias e a desocupação de praças e edifícios públicos. Do acordo sobressai, entretanto, a troca de acusações de incumprimento entre Kiev e Moscovo. Os primeiros defendem que tal não implica o desarmamento da Guarda Nacional e dos grupos nazi-fascistas. Os segundos consideram que esta leitura é tão inaceitável como o prosseguimento da ofensiva militar e paramilitar contra os antigolpistas no Sul e Leste do país. O Kremlin exemplifica a falta de vontade do governo golpista em cumprir o acordo com a manutenção das detenções de líderes e activistas insubmissos a Kiev, e com o recente ataque de uma brigada do Sector de Direita em Slaviansk.

Em Kiev, esteve, anteontem, o vice-presidente norte-americano, que para além de ter confirmado a ajuda financeira e logística aos golpistas, ameaçou a Rússia de isolamento caso mantenha as tropas na fronteira com a Ucrânia e o apoio aos insurrectos. Antes, NATO e EUA anunciaram o reforço de meios militares na região.

No Sul e Leste da Ucrânia prosseguem as manifestações e os líderes revoltosos e as autoridades eleitas em assembleias populares afirmam que só abandonam os edifícios ocupados em cerca de 12 cidades mediante o recuo dos contingentes fiéis a Kiev, da libertação dos antigolpistas detidos e da aceitação da solução federal no território.

Também anteontem, ao final do dia, os EUA confirmaram a deslocação de 600 soldados para a Polónia e os países bálticos, argumentando que estes integrarão exercícios destinados a «reforçar o compromisso com os aliados da NATO».

O anuncio de Washington foi feito menos de uma hora depois de o presidente golpista da Ucrânia ter ordenado a retoma da ofensiva no Leste do território. Oleksandr Turchynov justifica a iniciativa que parece enterrar definitivamente as intenções de reduzir a tensão, com o suposto assassinato e tortura de dois alegados membros do seu partido (o Pátria) em Slaviansk, e com disparos contra um avião militar ucraniano que sobrevoara, minutos antes, aquela cidade.




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