Agressão imperialista à Síria

Manipulação química

Cerca de 80 por cento do arsenal químico sírio foi já destruído ou retirado do país, confirmou, sábado, 19, a missão internacional, justamente quando o governo de Damasco é novamente acusado de ter realizado ataques com agentes proibidos na província de Hama.

 

Governo sírio acusa a Frente al-Nusra de atacar Kfar Zita com gás de cloro

LUSA

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Segundo um comunicado oficial assinado pela coordenadora da missão conjunta da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e das Nações Unidas, o embarque de um carregamento de agentes químicos efectuado no porto de Latakia, quinta-feira, 17, elevou para 80 por cento a percentagem do arsenal destruído ou enviado para inutilização fora do país. Sigrid Kaag manifestou-se também confiante em que Damasco manterá o compromisso de completar o processo nas próximas semanas, cumprindo, assim, o prazo acordado com a Rússia e os EUA: 30 de Junho de 2014.

No início do mês de Abril, o Conselho de Segurança da ONU analisou a situação com base nas informações prestadas pela OPAQ e concluiu que as autoridades sírias aceleraram o andamento dos trabalhos de destruição e remoção de agentes e armas químicas. O governo liderado por Bachar al-Assad, por seu lado, salientou que as dificuldades enfrentadas prendem-se não apenas com o facto de o processo nunca ter sido realizado no actual figurino, mas sobretudo com as frequentes ofensivas terroristas contra a região de Latakia e depósitos do referido arsenal, visando a interrupção do processo. O último destes ataques, ocorrido na primeira quinzena de Março, acabou frustrado pelas forças armadas e de inteligência sírias, mas obrigou à reformulação dos plano logístico e militar de defesa até então implementados.

Três dias antes de confirmar oficialmente que a destruição e transladação do arsenal sírio estava cumprido em quatro quintos, Sigrid Kaag adiantou, quarta-feira, dia 16, que o processo poderia estar terminado em meados de Maio, e que, então, a Síria seria declarada um território livre de armas químicas. A revelação antecipada feita pela especialista holandesa foi deliberada e aparentemente com o intuito de combater a intoxicação da opinião pública, uma vez que foi publicada justamente quando o executivo de Damasco voltou a ser acusado de realizar ataques com agentes proibidos, desta feita na província de Hama, no centro do país.

Imperialismo responsável

Meios de comunicação social alinhados com o imperialismo asseguram que, entre os dias 12 e 18, o exército sírio efectuou pelo menos quatro bombardeamentos com armas químicas contra a localidade de Kfar Zita. Veiculam, desta forma, a narrativa repetida desde o início da semana passada pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos e pelo que chamam de fontes da «oposição». Os media dominantes garantem ainda que os EUA já abriram um inquérito (RTP, 19 de Abril), e este domingo o presidente francês François Hollande aproveitou o regresso a Paris de quatro jornalistas gauleses, sequestrados durante dez meses por grupos armados sírios, para declarar que «temos certos elementos, mas não provas» sobre a responsabilidade de Damasco nos acontecimentos (Lusa, 20 de Abril).

O governo sírio alertou, precisamente no dia 12, que mercenários afectos às Frente al-Nusra, vinculada à al-Qaeda, haviam lançado um ataque com gás de cloro em Kfar Zita com um saldo de dois mortos e pelo menos uma centena de feridos. Lembrou, igualmente, que, no início de Abril, o seu representante diplomático junto das Nações Unidas havia denunciado que os serviços secretos da Síria possuíam informações de que um tal ataque estaria a ser preparado com o objectivo de incriminar Damasco (Telesurtv, 12 de Abril).

Posteriormente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio voltou a acusar publicamente os EUA, a Turquia a Arábia Saudita e Israel de estarem envolvidos nos ataques levados a cabo por bandos armados em Aleppo a 19 de Março de 2013, e nos arredores de Damasco entre 21 e 25 de Agosto do mesmo ano. As autoridades citam dados obtidos por jornalistas seniores norte-americanos, os quais indicam não apenas a cumplicidade do imperialismo nos massacres, como detalham que as armas químicas terão sido entregues aos terroristas depois de transitarem pela Jordânia e pela Turquia.

A nova tentativa de manipulação química contra a Síria ocorre quando Damasco acumula sucessos militares na expulsão de «rebeldes» dos arredores de Damasco, do Centro do território, particularmente na martirizada cidade de Homs, e junto às fronteiras com a Turquia, Jordânia e Líbano. Ofensiva a que os mercenários, munidos desde meados de Abril com armas anti-tanque fornecidas pelos EUA, têm respondido com atentados contra civis provocando dezenas de mortos e feridos; contra jornalistas (três profissionais da al-Manar TV foram assassinados), e, até, contra um comboio humanitário do Crescente Vermelho (Prensa Latina, 19 de Abril).




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