«Uma justiça para os pobres e outra para os banqueiros»
Portugal não pode aceitar «uma justiça para os pobres e outra para os banqueiros e outros ricaços», defendeu Jerónimo de Sousa. O dirigente do PCP afirmou que a prescrição das penalizações aplicadas a banqueiros «é mais um escândalo de proporções inauditas».
As eleições para o PE são uma oportunidade para afirmar a alternativa
O 93.º aniversário do PCP foi comemorado no Alentejo, no domingo, 16, com um almoço regional que juntou cerca de 1300 pessoas no Pavilhão de Feiras e Exposições de Aljustrel. Em ambiente de fraterno convívio, num dia primaveril, houve boa comida – cozido de grão – e vinho alentejano, música popular com os «Amigos de Abril» e cante com o Grupo Coral dos Mineiros de Aljustrel.
Nos discursos, Jerónimo de Sousa considerou que a prescrição das penalizações aplicadas a Jardim Gonçalves e a outros banqueiros do BCP pelo Banco de Portugal «é mais um escândalo de bradar aos céus, de proporções inauditas e com impactos éticos e políticos de extraordinária gravidade». O Secretário-geral do PCP disse que «são tão céleres a expulsar de suas casas quem se atrasou a pagar a prestação da casa, são tão céleres a exigir a cobrança coerciva dos impostos quando um trabalhador a “recibos verdes” ou um pequeno empresário não paga os seus impostos a tempo, mas para os banqueiros há prescrições».
«O País não pode aceitar o passa-culpas a que vimos assistindo, do Banco de Portugal para a Justiça e vice-versa, todos e cada um a sacudir a água do capote! Portugal não pode aceitar uma justiça para os pobres e outra para os banqueiros e outros ricaços. Até porque tudo indica que o exemplo vai ter filhos, e já fazem fila a abrigar-se no guarda-chuva da “prescrição”, pelo menos, o sr. João Rendeiro do BPP e o Oliveira Costa do BPN», acrescentou.
Rupturas necessárias
No almoço da vila mineira interveio também o primeiro candidato da CDU às eleições para o Parlamento Europeu.
João Ferreira realçou que as eleições são um importante momento para, através do reforço da CDU, expressar a vontade de uma profunda mudança na vida nacional: «Tal como a construção de uma real alternativa em Portugal, de uma política patriótica e de esquerda que a consubstancie, implica a ruptura com a política de direita que PS, PSD e CDS têm praticado ao longo dos últimos 37 anos, também a construção de um projecto de cooperação na Europa alternativo à integração capitalista europeia implica rupturas. Ruptura com a UE da estagnação e da recessão económica, da desindustrialização da periferia, do fim dos sistemas públicos e universais de saúde, educação e segurança social. Ruptura com a sujeição ao mercado de todas as esferas da vida social. Ruptura com a UE das assimetrias de desenvolvimento, da colonização económica, das troikas, da guerra e da ingerência. Ruptura com a UE do ressurgimento do fascismo, dos nacionalismos, da xenofobia e do racismo».
Da batalha eleitoral de 25 de Maio para o Parlamento Europeu e de outras lutas falou ainda Miguel Madeira, do Comité Central e responsável da Organização Regional de Beja do PCP: «Lutar agora para garantir um presente digno e construir o futuro é não só uma necessidade como um imperativo. Portugal e a região não estão condenados, nem podem aceitar esta política de destruição. Portugal e o Alentejo têm potencialidades que só uma política patriótica e de esquerda, que projecte os valores de Abril no futuro de Portugal, no caminho da democracia avançada e do socialismo, tem condições para evidenciar e realizar».