Milhares de trabalhadores da Administração Pública exigiram em Lisboa

Devolução dos roubos e outro Governo

Com a sua forte participação na manifestação nacional de dia 14, milhares de trabalhadores da Administração Pública mostraram nas ruas de Lisboa os motivos da crescente revolta e reafirmaram a determinação de manter a luta para que seja devolvido tudo o que foi roubado à conta da «austeridade» e para que seja demitido o Governo que conduziu o saque, contra a lei e a Constituição.

A luta vai ter novos pontos altos nas próximas semanas

Convocada pela Frente Comum de Sindicatos, a manifestação partiu do Príncipe Real, cerca das 15.30 horas. De todo o País, fazendo greve, reuniram-se aqui trabalhadores da administração central e regional, da educação, da saúde, da Segurança Social, do município de Lisboa... À cabeça do desfile, que desceu a Rua de O Século, uma grande faixa, transportada pelo Secretário-geral da CGTP-IN e por dirigentes da Frente Comum, exigia a devolução dos salários e das pensões, que o Governo e a política de «austeridade» roubou nos últimos anos. Quando pararam junto ao Tribunal Constitucional, para ali entregar uma resolução em defesa da Lei fundamental, destacou-se outra faixa, negra, onde se lia «Governo fora da lei».

À passagem pelo Palácio Ratton, inúmeros manifestantes ergueram tiras a clamar «Em defesa da Constituição».

A esta hora, já tinha começado no Terreiro do Paço, junto ao Ministério das Finanças, uma grande manifestação de trabalhadores das autarquias locais de todo o País. A par das exigências comuns aos demais funcionários da Administração Pública, este importante sector exigiu do Governo o fim do «veto de gaveta» aos acordos colectivos de entidade empregadora pública (ACEEP), já assinados pelo STAL/CGTP-IN com centenas de municípios e freguesias e cuja publicação o secretário de Estado da tutela está a retardar injustificada e ilegalmente, a pretexto de ter pedido um parecer à Procuradoria-Geral da República.

Os dois braços da manifestação juntaram-se na Calçada do Combro.

O Secretário-geral do PCP, à frente de uma delegação do Partido, saudou os manifestantes (e foi calorosamente cumprimentado por muitos destes) no Largo António Sousa Macedo. Jerónimo de Sousa, em breve declaração, enalteceu todos os que «fizeram greve para estarem nesta manifestação, em defesa dos seus direitos, que têm sido tão ofendidos, cortados por este Governo, com a sua política de ódio aos trabalhadores» e salientou que «têm razões para lutarem, por aquilo que lhes fizeram e pelas ameaças que decorrem do Orçamento para 2014». «Esta grande manifestação, num dia de semana e com necessidade de recorrer à greve, demonstra que o Governo não pode estar descansado, a pensar que conseguiu vencer a batalha das inevitabilidades», realçou.

Frente à Assembleia da República, no palco de onde era dada continuação às palavras de ordem gritadas (e cantadas, como «está na hora de o Governo se ir embora») ao longo do percurso, intervieram dirigentes de alguns dos sindicatos da Frente Comum. Arménio Carlos deu conta dos fortes protestos ocorridos no âmbito da semana nacional de luta, convocada pela CGTP-IN e na qual esta manifestação ocupou lugar de destaque, apelando à continuação do combate. A reforçar a exigência de demissão do Governo, criticou o facto de este, poucas horas depois de ser conhecido o veto do Presidente da República ao aumento dos descontos para os subsistemas de saúde (ADSE, SAD e ADM), ter reenviado a mesma proposta para ser aprovada no Parlamento. Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum, além de voltar a exigir a demissão do Governo e a mudança de política, destacou as graves consequências que as medidas impostas têm na vida dos trabalhadores, bem como nos serviços e nos utentes, e defendeu a urgente a definição de um calendário para devolução dos salários, pensões e direitos roubados.

Por várias vezes, os manifestantes repetiram a mensagem que foi incluída na resolução aclamada no final das intervenções: «A luta continua».

 

Manifestação no Dia da Juventude

Na sexta-feira, 28 de Março, Dia Nacional da Juventude, a Interjovem promove uma manifestação nacional, em Lisboa, com início marcado para as 15 horas, no Largo do Carmo. A data, ligada à resistência dos jovens contra a ditadura fascista, associa-se assim à evocação dos 40 anos do 25 de Abril, com a concentração a realizar-se no local onde Marcelo Caetano se rendeu ao Movimento das Forças Armadas.
A mobilização está a ser feita, nos diversos sectores de actividade, em estreita ligação com os problemas actuais e a luta e resistência dos jovens trabalhadores. Sob o lema «Não largamos Abril, precisamos de continuar a luta», o manifesto que a organização autónoma da juventude da CGTP-IN está a distribuir destaca alguns casos recentes, que comprovam como lutar vale a pena, e reafirma a exigência de trabalho com direitos.

 



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