Compromisso que fala a verdade
Dar voz à luta do nosso povo
«É um compromisso que fala verdade, um compromisso solene de, na continuidade do trabalho realizado pelos nossos deputados no Parlamento Europeu (PE), assumir a responsabilidade de, nas instituições e fora delas, dar voz à luta do nosso povo e defender os interesses nacionais numa Europa de cooperação, da democracia e do progresso social», referiu o Secretário-geral do PCP, adiantando que aquela Declaração é, também e simultaneamente, «um desafio aos trabalhadores e ao povo». «Um desafio porque sabemos bem que a alteração da situação nacional, a ruptura com o actual rumo de submissão do País aos interesses do grande capital e do directório de potências da União Europeia (UE) não é possível sem a acção, a luta e a convergência dos trabalhadores e do povo e de todos os democratas genuinamente interessados em defender os valores e ideias da Revolução de Abril», salientou.
Este documento é, por outro lado, «uma clara e inequívoca proposta política alternativa, que assume um projecto político distinto das políticas que os subscritores do pacto de agressão (PS, PSD e CDS), defensores do actual rumo da integração europeia, executam há 37 anos no nosso País».
«Um projecto político que nos distingue de todos os outros, quer pela concepção de Europa que explícita, quer pela ligação que faz da luta por essa outra Europa a uma profunda mudança na vida nacional, sustentada na ruptura com a política de direita e na construção de uma alternativa política, patriótica e de esquerda», defendeu.
Jerónimo de Sousa recordou ainda que o PCP, no tempo certo, «alertou para a natureza e para as consequências das linhas orientadoras da política de direita e da integração capitalista»; que no processo de integração na CEE/EU «chamou a atenção para a destruição do nosso sector produtivo e do endividamento que dele iria resultar»; que, quando PS, PSD e CDS comemoravam a entrada de Portugal no Euro, «chamou a atenção para o projecto de domínio dos mais fortes sobre os mais fracos»; que «esteve na primeira linha da denúncia do Tratado de Lisboa»; que «afirmou sem tibiezas» que o programa de assistência económica e financeira «se tratava de um pacto de agressão contra o povo e o País», e que alertou «para a gravidade da assinatura do chamado Tratado Orçamental nas costas e às escondidas do povo».
«A realidade aí está a dar razão ao PCP e à CDU. Fruto de 37 anos de política de direita e de 28 anos de integração capitalista, Portugal vive hoje um dos períodos mais negros da sua história», acusou o Secretário-geral do PCP, baseando-se na «regressão económica», na «alienação do património do Estado», na «entrega ao grande capital e ao capital estrangeiro de sectores de importância estratégica para o País», nos «défices estruturais insustentáveis como o alimentar, o produtivo, o energético ou mesmo o tecnológico» e na «dívida impagável, que, só nos últimos três anos, aumentou 51 mil milhões de euros».
Mudança necessária
Por isso a necessidade de «inverter este rumo» para «efectivar uma real mudança no País». «Falamos de uma mudança que nasce da luta dos portugueses, que assenta nos seus direitos. Uma mudança que implica uma ruptura com o velho, com o que está para trás, para construir o novo. É por isso também uma ruptura com as propostas e os enganos que os candidatos do mal chamado arco da governação vêm agora, mais uma vez, vender», sustentou Jerónimo de Sousa, referindo-se, entre outras, às candidaturas de Paulo Rangel (PSD) e de Francisco Assis (PS), que «não têm outras soluções que não seja oferecer mais do mesmo, aprofundando e agudizando os problemas existentes e de forma crescente, degradando a democracia e afastando os povos das decisões essenciais que determinam o seu futuro». «Não têm outras soluções porque, mesmo tentando esconder as suas opções em aparentes críticas à política da UE, insistem nos mesmíssimos caminhos», acusou, lembrando que os candidatos do PS e do PSD, assim como os do CDS, defendem a «concentração de poder no directório de potências», mais «privatizações, flexibilização das relações laborais e retirada de direitos» e «medidas que impõem aos países o modelo neoliberal e de colonização económica, sistematizado no Tratado Orçamental».
Paulo Rangel e Francisco Assis
Duas faces da mesma moeda
Quase a terminar, Jerónimo de Sousa desafiou os candidatos do PSD e do PS a dizerem o que pensam sobre o «o futuro do País», que «opções defendem para a política nacional», o que «pensam realmente sobre as opções para os próximos anos», que «digam se pretendem recuperar salários e direitos», se «vão aceitar a sentença de Cavaco Silva», o que «pensam sobre política laboral e fiscal», sobre o «desenvolvimento económico», sobre «privatizações e nacionalizações» e sobre «como lidar com a questão da dívida», entre várias outras questões.
«Por aquilo que já vimos, dizem muito pouco. Fazem-no porque se começarem de facto a falar, rapidamente fica demonstrado que são duas faces de uma mesma moeda», acusou.