A verdade e o ambiente
Os deputados do PCP no Parlamento Europeu desmentem várias afirmações da Quercus relativas a posições suas sobre matérias ambientais.
Exercício da Quercus não é rigoroso e sério
Em nota, divulgada na segunda-feira, 24, o gabinete de imprensa dos deputados do PCP no PE contestam várias afirmações de um comunicado da Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, no qual se desvaloriza o trabalho dos eleitos do PCP, incluindo-os no grupo dos que «nunca votaram, se abstiveram em diversas ocasiões ou não participaram em algumas votações».
A este propósito, o PCP sublinha que «os deputados (Ilda Figueiredo – entretanto substituída por Inês Zuber – e João Ferreira) votaram todos os relatórios e resoluções sobre temáticas ambientais».
Deitando assim por terra um dos pressupostos da «classificação» da Quercos, os deputados comunistas sublinham ainda que, classificar de «"campeões" ou apenas "amigos" do ambiente os deputados portugueses tendo por base apenas 11 votos, sem considerar todo o trabalho feito, nomeadamente as alterações apresentadas, os relatórios de que foram autores, as perguntas parlamentares apresentadas, a participação nos debates em sessão plenária, as audições, etc., não nos parece um exercício sério e rigoroso».
Ao mesmo tempo não deixam de assinalar que existem «perspectivas diferentes sobre o que é defender o ambiente (veja-se o caso do "mercado do carbono", do qual discordamos, tal como muitas dezenas de ONGA internacionais, que têm relativamente a esta matéria uma posição distinta da da Quercus)».
No entanto, contrariamente ao que a associação afirma, no texto intitulado «Quem são os eurodeputados campeões pelo clima e os seus destruidores?» (ver www.quercus.pt), os deputados do PCP votaram favoravelmente as «Três metas vinculativas no Roteiro Europeu de Baixo Carbono 2050», assim como a «Proposta de medidas para reduzir o consumo de energia».
Os deputados do PCP esclarecem também que «concordam com a redução do consumo de energia, defendendo no entanto que esta não deve ser consequência de um aumento da factura energética das famílias».
Por outro lado, discordam da «liberalização do sector e da privatização das empresas públicas de energia, decisões de que nem o ambiente, nem os trabalhadores nem os consumidores beneficiaram ou beneficiam e das quais resultou igualmente o aumento do número de pessoas em situação de pobreza energética».
Entretanto, a nota do PCP lembra que a deputada Inês Zuber só assumiu funções no Parlamento Europeu a partir de 2012, motivo pelo qual só pôde votar alguns dos relatórios e resoluções. A mesma situação é aliás comum à deputada Alda Sousa (BE), que o estudo apresenta como a «grande campeã do clima». Todavia, observa o PCP, o estudo contabilizou votações que se realizaram em datas nas quais as referidas deputadas ainda não pertenciam ao Parlamento Europeu.
Critérios obscuros
Para além de todas estas inexactidões e erros grosseiros, os deputados comunistas qualificam de «ambíguos e pouco rigorosos» os parâmetros da avaliação, que confere a cada assunto uma importância diferente, tendo o deputado a «pontuação» completa se o voto foi de acordo com a direcção defendida por algumas das ONGA em relação ao combate às alterações climáticas.
Os deputados solicitam assim à Quercus que revele os critérios e o peso de cada assunto em que se basearam para efectuar esta classificação.