A Ucrânia e o capitalismo

Ângelo Alves

A situação na Ucrânia conheceu novos desenvolvimentos. O presidente Viktor Ianukovich deslocou-se a Moscovo e reuniu-se com Vladimir Putin. O resultado saldou-se em dez milhões de euros (em títulos da dívida ucraniana) e num compromisso de reduzir em um terço o preço do gás vendido à Ucrânia. Nenhum acordo, nomeadamente o acordo aduaneiro, foi para já assinado.

Tais acontecimentos sucedem-se à decisão da UE de suspender negociações por não ter garantido a assinatura do acordo de parceria oriental. Um acordo que entre várias outras imposições previa «reformas estruturais» semelhantes às que estão a ser impostas a Portugal, privatizações em massa e a atrelagem da Ucrânia à política belicista, de ingerência e militarista da EU e NATO.

Yulia Timoshenko (presa por corrupção e fuga de capitais), Pavel Lazarenko (ex-detido por crimes de branqueamento de capitais, fraude e extorsão) e um conjunto de partidos de onde se destacam as ultranacionalistas, fascistas e pró-nazis forças políticas do país, tentam manter as mobilizações, contando para tal com apoios elucidativos como o de John McCain, um autêntico falcão, sempre presente nas mais sinistras conspirações internacionais.

Este «embate» entre a Federação Russa e o eixo UE/EUA diz muito sobre as tensões que marcam a actual situação internacional, nomeadamente entre os principais centro do imperialismo e os países capitalistas (como é o caso da Rússia) que no seu desenvolvimento próprio se colocam objectivamente numa posição contrária aos objectivos imediatos do imperialismo.

Mas demonstram outras duas coisas. A primeira é que a UE não olha a meios para atingir os seus fins: ingerência descarada, chantagem e apoio a forças abertamente fascistas. A segunda é que a lógica de abordagem deste assunto coloca como «quase normal» o facto do povo ucraniano se ver obrigado a escolher um dos lados. Ou seja, depois de anos a sofrer com as políticas de Timoshenko e também de Ianukovich o povo deste grande país da Europa é empurrado para uma divisão sectária e nacionalista assente na negação básica dos seus direitos de soberania. E isto, independentemente dos lados, é o que o capitalismo faz: destruir sociedades, negar direitos e forçar conflitos.

 




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