Pelo pagamento dos salários em atraso

Greve no grupo «Princesa»

Trabalhadores da «Pastelaria Princesa», com cinco estabelecimentos nos concelhos da Moita e Barreiro, fizerem greve sexta-feira, 22, concentrando-se logo pela manhã em frente à unidade situada no Vale da Amoreira (Moita).

A fome já entrou na casa de muitos trabalhadores

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Reclamam o pagamento dos salários em atraso, que em alguns casos chega a cinco meses, bem como do subsídio de férias. Exigem ainda da entidade patronal que a todos trate de igual forma, sem discriminações, com o respeito que lhes é devido.

Sem receber há meses ou a receber o salário de forma fraccionada, em pequenas quantias, situação que ocorre há cerca de dois anos, os trabalhadores têm vindo a enfrentar sérias dificuldades nas suas vidas, havendo situações verdadeiramente dramáticas em que é já a fome a entrar nas suas casas e sem saber como honrar os compromissos.

É o caso de António Ricardo, pasteleiro, 53 anos, que em Outubro, com 25 anos de casa, acabou por se despedir depois de quatro meses de salário em atraso que não lhe deixaram alternativa. Com bocas para alimentar na família, várias rendas por pagar, tem-lhe valido a compreensão do senhorio, relatou ao nosso jornal.

Várias situações de pobreza extrema foram-nos ainda relatadas pelos trabalhadores presentes na concentração, entre os quais era visível um forte sentimento de indignação e revolta pelo comportamento do patrão. Nídia Silva, 24 anos, delegada sindical afirma desde logo não compreender os atrasos no pagamento aos trabalhadores uma vez que a rede de pastelarias «continua a trabalhar bem». Admitida como hipótese mais provável é que o patrão «esteja a levar o dinheiro para outro sítio», diz-nos, num processo de descapitalização da empresa, sem que haja intervenção efectiva da Autoridade das Condições de Trabalho.

 

Ilegalidades

 

Outra queixa comum entre os trabalhadores, na sua maioria mulheres, com funções de balcão, diz respeito à forma violenta e desrespeitosa da gerência, patrão e filho. Gritos, violência verbal, ameaças, represálias e mesmo agressões físicas, de tudo um pouco tem havido no quotidiano destes trabalhadores. Dificuldades reais que a juntar a um ambiente de tensão, gerador de medo e ansiedade, levam Filomena Silva, 29 anos, com 12 anos de casa, a acreditar ter sido essa a principal causa para ter perdido no mês passado o feto com 24 semanas.

Sobre as ilegalidades cometidas pela empresa há ainda conhecimento de casos como seja o de exigir a assinatura do recibo de vencimento sem que este tenha sido pago ao trabalhador, como contou ao Avante! Fernanda Ribeiro, 53 anos, com 18 anos de casa, que rescindiu o contrato com justa causa, aguardando agora pela decisão do tribunal. Ou, mais recentemente, a admissão de pessoal pago ao dia e à semana, como ouvimos da boca de várias das trabalhadoras presentes na concentração. Sem falar nas promessas não cumpridas de pagamento de indemnizações a que a empresa está obrigada, como acontece com Conceição Ribeiro, 53 anos, que aguarda que lhe seja pago o valor acordado de 1455 euros mais os subsídios de férias e de Natal.

Em apoio e solidariedade com a luta dos trabalhadores estiveram no local os coordenadores do Sindicato da Hotelaria do Sul (Maria das Dores) e da União dos Sindicatos de Setúbal (Luís Leitão), o presidente da união de Freguesias Baixa da Banheira/Vale da Amoreira (Nuno Cavaco) e uma delegação da comissão local de freguesia do PCP dirigida por Luís Barata.




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