O falecimento, aos 79 anos, de Herberto Goulart provocou sentida consternação em todos os que com ele privaram ao longo da sua vida, marcada por uma intensa actividade política e cívica, desde os tempos do fascismo e até aos últimos dias da sua vida. No voto de pesar apresentado na Assembleia da República pelo PCP salienta-se a sua participação no movimento estudantil antes do 25 de Abril – foi dirigente da Associação Académica de Económicas, pertenceu ao Secretariado da Reunião Inter-Associações e coordenou em dois anos consecutivos a realização do Dia do Estudante – e nas lutas da oposição democrática.

Preso pela PIDE em 1963 e em 1973 (para além de outras detenções de curta duração), Herberto Goulart foi candidato da Comissão Democrática Eleitoral/CDE por Lisboa e membro da sua Comissão Executiva desde 1970 até à sua passagem a partido político, o MDP/CDE, em Novembro de 1974. Foi vice-presidente do partido e presidente do seu grupo parlamentar durante os três anos em que exerceu o mandato de deputado (1980 a 1982). Em 1987, funda a Associação Política «Intervenção Democrática», de cujos corpos gerentes fez parte até ao seu falecimento.

Candidato nas listas das coligações FEPU, APU e CDU em eleições autárquicas, legislativas e europeias, Herberto Goulart pertenceu à Comissão Administrativa da Câmara de Loures, concelho em que foi vereador, membro da Assembleia Municipal e administrador dos Serviços Municipalizados. Foi ainda dirigente da Inter-Reformados, organização sindical que representou no Comité Executivo da FERPA (Federação Europeia de Reformados e Idosos) e do Sport Grupo Sacavenense, tendo colaborado também em publicações como Revista de Economia, Diário de Lisboa, República, Vértice ou Seara Nova, cuja redacção integrava.

Uma delegação do PCP, integrada por Jerónimo de Sousa e Jorge Cordeiro, esteve presente nas cerimónias fúnebres.