Samaras ignora decisão judicial

Deriva autoritária

Uma semana depois de o Tribunal ter ordenado a reabertura imediata da radiotelevisão da Grécia (ERT), o governo grego mantém a cadeia pública encerrada, numa clara afronta à legalidade democrática.

A luta pela ERT é uma luta pela democracia

A obstinação do primeiro-ministro conservador grego, Antonis Samaras, de acabar com o serviço público de radiotelevisão provocou uma vaga de indignação e solidariedade nacional e internacional com os 2700 trabalhadores da ERT, ao mesmo tempo que agravou a crise política dentro da coligação governamental.

Na semana passada, dia 20, a terceira reunião consecutiva entre representantes da Nova Democracia (direita), do PASOK (socialistas) e do Dimar (esquerda democrática) terminou com a saída do Governo deste último partido.

Fotis Kouvelis, dirigente do Dimar, recusou a proposta do primeiro-ministro de criar um organismo transitório, com um reduzido número de trabalhadores da ERT, até à criação de uma nova radiotelevisão pública.

Já o líder dos socialistas do PASOK, Evangelos Venizelos, optou por salvar a coligação e afastar a iminência de eleições antecipadas.

A falta de firmeza do PASOK, que antes afirmara que nenhum governo tem legitimidade para fechar a estação pública, abriu campo a uma nova ofensiva contra a ERT.

Na sexta-feira, 21, o Ministério das Finanças emitiu um ultimato aos trabalhadores da estação, intimando-os a abandonar as instalações que ocupam desde dia 11.

O comunicado prometeu pagar dois salários aos trabalhadores «como primeiro passo da sua indemnização por despedimento».

Samaras alega que a ERT já não existe e que a sentença do Tribunal determinando o reinício das emissões só poderá ser aplicada depois de os trabalhadores abandonarem as instalações.

Em resposta, os profissionais da estação recusaram-se a cumprir a ordem governamental e continuam a emitir programas clandestinamente, recorrendo a centenas de sites Internet, que registam surpreendentes níveis de audiência. Afinal, todos estão conscientes de que a luta pela ERT é também uma luta pela democracia.



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