Contra a troika, pelo futuro
Milhares de pessoas protestaram em várias cidades europeias contra a austeridade. Para além de Portugal, as maiores acções tiveram lugar em Espanha e na Alemanha.
Povos europeus questionam dívida e exigem democracia
A jornada europeia foi impulsionada pelo movimento português «Que se lixe a troika» e foi seguida de forma desigual, sábado, 1, em dezenas de cidades de vários países, sob o lema «Povos Unidos Contra a Troika».
Na Alemanha, os protestos organizados pela plataforma Blockupy começaram na véspera, nas proximidades do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt.
No dia seguinte, já com a participação de sindicatos, organizações e partidos de esquerda (Verdi e IG Metall, Attac, Die Linke, entre outros), mais de 20 mil pessoas saíram às ruas no centro da capital financeira.
Segundo um relato da Prensa Latina, as forças policiais reprimiram violentamente os activistas do Blockupy, designação que junta as palavras inglesas «block» (bloquear) e «occupy» (ocupar).
A polícia alemã cercou 900 pessoas durante várias horas, impedindo-as de se manifestarem junto à sede do BCE. Nos confrontos que se produziram, mais de 200 indivíduos ficaram feridos devido ao uso massivo de gases lacrimogéneos.
Os organizadores do protesto criticaram as autoridades por lhes haverem preparado uma armadilha. Também a organização juvenil do Partido Social-Democrata Alemão condenou a polícia por ter atacado os manifestantes sem qualquer motivo. Já a presidente do Partido Die Linke, Katja Kipping, exigiu saber «quem, quando e porquê ordenou o ataque à manifestação». O assunto poderá ser levantado na câmara baixa do parlamento alemão.
«Grândola» cantada em Madrid
Em Espanha, os protestos foram promovidos pela Maré Cidadã, plataforma que reúne a maioria dos movimentos sociais, designadamente o M-15, e organizações de esquerda.
Das 40 acções realizadas, destacou-se o desfile em Madrid com milhares de pessoas, que partiu do Congresso de Deputados até à sede da Comissão Europeia, na capital espanhola.
Ali, milhares de pessoas, frente às barreiras da polícia que cercavam o edifício, entoaram de punho erguido a «Grândola, Vila Morena», evocando o espírito da revolução portuguesa de 1974.
À cabeça da manifestação, junto do coordenador da Esquerda Unida, Cayo Lara, estava o grego Alexis Tsipras, líder da Syriza, que afirmou ao jornal espanhol Público, que «a situação na Grécia e em Espanha é parecida. Tudo o que se passou no meu país, passar-se-á aqui amanhã». «A única solução é a resistência popular contra às políticas de austeridade».
Por seu turno, Cayo Lara manifestou a convicção de que «os trabalhadores não se vão resignar com esta política de ajustamento duro que está a ser feita a favor dos interesses especulativos do poder financeiro».