O Governo tem que cair!
Jerónimo de Sousa esteve, domingo, no distrito de Viseu a participar em iniciativas inseridas na campanha nacional «Por uma política alternativa, patriótica e de esquerda». No almoço realizado na capital do distrito, o Secretário-geral do Partido voltou a defender a demissão do Governo e a convocação de eleições como a primeira medida a tomar para defender o futuro do País.
Para Jerónimo de Sousa, o Governo sente o tempo e o terreno a «fugir-lhe debaixo dos pés» e ensaia uma «manobra, pondo como lebres de corrida os comentadores do costume a anunciar que isto passa por uma remodelação governamental, substituir este ou aquele ministro mais queimado para ganhar um novo fôlego». Mas, acrescentou, «como diz o povo e com razão, remendo novo em pano velho não resulta». Segundo o Secretário-geral do Partido, «enquanto for aplicado esse pacto de agressão no nosso País não há soluções duradouras, não há possibilidade de enveredar pelo caminho do crescimento, do desenvolvimento económico e da criação de emprego».
Antes, Jerónimo de Sousa visitou a Casa de Pessoal da Mina da Urgeiriça, em Canas de Senhorim, onde antes esteve instalada a ENU. Com essa visita, o dirigente do Partido deu a conhecer o projecto de lei apresentado na Assembleia da República pelo PCP que propõe que os ex-trabalhadores da empresa e suas famílias possam receber indemnizações por morte ou doença. Está já cientificamente reconhecido que a morte, por cancro, de trabalhadores das minas de urânio da Urgeiriça se deve à prolongada exposição à radioactividade decorrente da sua actividade profissional. Contudo, os trabalhadores doentes e as famílias dos que faleceram continuam sem receber qualquer compensação.
O projecto de lei que deu entrada no início do mês na Assembleia da República é a reapresentação de um outro, já posto à votação em Setembro de 2012 (tal como outros de semelhante teor apresentados por PEV e BE) e chumbado pela maioria PSD/CDS, com a abstenção cúmplice do PS. Como afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, durante a visita do passado domingo, com esta proposta visa-se «restituir a dignidade a quem viveu e morreu a trabalhar, a famílias destroçadas e, nesse sentido, não é de uma reivindicação qualquer que estamos a tratar». O dirigente comunista acrescentou ainda que se esta questão não caiu no esquecimento foi devido à «luta persistente, muito determinada e prolongada, dos trabalhadores e das suas famílias».
O presidente da Associação dos ex-Trabalhadores das Minas de Urânio, António Minhoto, afirmou aos jornalistas confiar na resolução deste problema a breve prazo.