Novo governo sionista é má notícia para a Palestina

Reforçada política criminosa

O executivo israelita que tomou posse esta semana defende o incremento da colonização, o apartheid e genocídio do povo palestiniano, política que merece a mais ampla condenação.

Multiplica-se o repúdio internacional à política sionista

O novo governo, outra vez liderado por Benjamin Netanyahu, é claro nas suas intenções. Segundo afirmou o vice-ministro da defesa, Danny Danon, «a colonização da Judeia-Samaria [Cisjordânia], Galileia e Neguev vai ser reforçada», orientação que corresponde à colocação dos seus promotores nos postos-chave, a começar pelo titulares das pastas da Habitação, da Indústria, Comércio e Trabalho, ou da Defesa, ministérios fundamentais para o avanço da construção de mais colonatos judeus com a respectiva canalização de abundantes fundos públicos, sustenta-se no diário israelita Haaretz.

Paralelamente, o ministro dos Negócios Estrangeiros cessante, Avigdor Liberman, instou o novo ministro da Defesa, Moshe Yaalón, a ordenar que o arremesso de pedras por parte de palestinianos seja punido com disparos do exército israelita, informou o Jerusalem Post. «O arremesso de pedras deveria ser tratado como se estivessem a disparar armas de fogo», defendeu o líder dos nacionalistas que integram a coligação governamental, para quem, desta forma, «os soldados deixariam de ser alvos dos terroristas e agitadores árabes».

Moshe Yaalón, ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas com uma longa carreira de atrocidades, não quis ficar atrás, considerando o povo palestiniano «um inimigo de Israel», e admitindo como hipótese uma «guerra preventiva contra o Irão» para, disse, evitar que o país obtenha armas nucleares. A declaração conjuga com outras anteriores, nas quais Yaalón sustentou a possibilidade de eliminação física do presidente iraniano Ahmadinejad (em 2008), ou comparou os palestinianos a um cancro que tem de ser estripado (2002) e com os quais é impossível alcançar a paz (Janeiro de 2013).

A assunção de funções de um gabinete israelita afivelado ao mais empedernido sionismo precede um périplo do presidente Barack Obama ao Médio Oriente (entre os dias 20 e 23), no qual não se inclui qualquer objectivo de retomar as negociações de paz para resolução do conflito árabe-israelita. Pelo contrário, apesar de estarem previstas a sua deslocação à Cisjordânia e uma reunião com a Autoridade Nacional Palestiniana, a Casa Branca detalhou que Washington saúda o novo governo de Netanyahu e pretende manter as relações com o país nos moldes em vigor.

Condenação alargada

Entretanto, multiplica-se o repúdio internacional à política sionista. Em Genebra, a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pellay, criticou Israel pelo continuado atropelo dos direitos dos palestinianos e do direito internacional. A Organização das Nações Unidas chamou, por isso, Telavive a levantar o bloqueio à Faixa de Gaza, imposto em 2007, a deter imediatamente a construção de novos colonatos (que tornam inviável, na prática, a constituição de um Estado palestiniano e remete os povo árabe para a sobrevivência em bantustões ou territórios ocupados onde é sujeito a uma política oficial de discriminação e segregação racial, que vai de ruas vedadas a autocarros exclusivos), e apelou à investigação cabal e punição dos responsáveis pelos ataques contra populares palestinianos, bem como o cumprimento dos mais básicos critérios de assistência humanitária, tais como a permissão de acesso dos feridos e enfermos aos cuidados de saúde.

Mais contundente foi o Tribunal Russel para a Palestina, integrado, entre outros, por Angela Davis ou Roger Waters, para quem Israel deve responder pelos crimes cometidos com a cumplicidade dos EUA, UE e ONU.

Já a Unicef, manifestou-se chocada pelos maus-tratos sistemáticos a menores, práticas infligidas desde a detenção – não raras vezes de madrugada, sob ameaça de armas de fogo –, aos interrogatórios, e cujas consequências estão amplamente documentadas. A Unicef estima que todos os anos 700 palestinianos com idades entre os 12 e os 17 anos fiquem sob custódia nas prisões israelitas, e convocou Telavive a rever imediatamente as violações das convenções dos Direitos da Criança e Contra a Tortura.

Resistir

Ayman Sharawna, que se encontrava em greve de fome num cárcere israelita desde meados de Julho do ano passado, forçou as autoridades israelitas a um acordo. A sua libertação da prisão, onde se encontrava há meses sem qualquer acusação formada, pressupõe o exílio forçado em Gaza durante os próximos dez anos e o posterior regresso a casa se não se voltar a envolver em «actividades militantes».

Em protesto há oito meses permanece Samer Issawi, hospitalizado devido ao seu debilitado estado de saúde. Tal como Sharawna, foi libertado em Outubro de 2011 no âmbito de uma troca de prisioneiros entre os movimento palestinianos e Israel, que o voltou a prender pouco temo depois, ficando ao abrigo das chamadas detenções administrativas, estatuto ilegal e próprio de um regime fascista, ao abrigo do qual estão encarcerados muitos dos 4800 palestinianos actualmente presos por Israel.

Nas últimas semanas, milhares de palestinianos têm protestado na Cisjordânia e Faixa de Gaza contra as razões e condições de detenção, movimentações de massas que quase invariavelmente são reprimidas com brutalidade pelas forças sionistas, avolumando o número de mortos e feridos entre os palestinianos que exercem o seu direito a resistir, direito que desde 1967 já levou cerca de 800 mil palestinianos aos cárceres israelitas.



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