O PCP está frontalmente contra a construção de um terminal de contentores na Trafaria, freguesia piscatória do concelho de Almada. Esta medida, que se insere num conjunto de intenções do Governo para o Porto de Lisboa, significaria a inviabilização de uma estratégia de desenvolvimento da Trafaria, nomeadamente das actividades produtivas fundamentais, principalmente a pesca. Como sublinharam os deputados comunistas num projecto de resolução apresentado na Assembleia da República, o estuário do Tejo não tem um porto de pesca, «e é urgente que o tenha». A localização da Trafaria é privilegiada para a instalação de tal porto, mas o cenário agora apontado pelo Governo é não só omisso como impediria mesmo essa solução, para além de representar inclusivamente a destruição de postos de trabalho e do aparelho produtivo instalado.

A anunciada parceria público-privada apresenta também contornos escandalosos, pois seria, na prática, um terminal entregue a privados ainda antes de nascer, exigindo-se ao Estado a concretização de acessibilidades terrestres (desde logo na ferrovia pesada), intervenções no sistema hidrográfico, entre outras.