Comunistas confiantes no comício em Faro

O nosso povo vencerá

Hugo Janeiro (texto)
Jorge Caria (fotos)

«É para travar o passo a esta política que o PCP está por todo o País a dinamizar uma campanha visando dar mais força e afirmar a necessidade e a possibilidade de, com a luta, pôr fim a este caminho de desastre nacional e concretizar uma política alternativa, patriótica e de esquerda», sintetizou Jerónimo de Sousa no comício do Partido, dia 2, em Faro.

«A luta não pode parar»

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Na primeira iniciativa realizada a Sul no âmbito da campanha nacional que o PCP tem em curso, o Secretário-geral comunista sublinhou que foi precisamente no Algarve, rodeado dos seus acólitos mas escondido do povo, que Passos Coelho jurou que o ano de 2012 assinalaria o fim dos sacrifícios, vaticinando também 2013 como o ano da retoma. Mentiu, pois não só «o País saiu de 2012 sufocado e com a corda na garganta cada vez mais apertada», como, se não bastasse, «este Governo decidiu apertá-la ainda mais em 2013, impondo o seu injusto e ilegítimo Orçamento de rapina das camadas populares».

Se «o ano que há pouco findou foi dramático para a vida de milhões de portugueses», o ano que agora iniciámos desmente as «promessas de dias melhores», mostrando, pelo contrário, «mais sacrifícios para o povo». Já este mês, quem vive do seu trabalho começou a sentir «os efeitos do inadmissível confisco dos rendimentos do trabalho, que agravará ainda mais a exploração, o empobrecimento, o saque dos rendimentos dos que menos têm. Um assalto que se tenta disfarçar com o pagamento dos subsídios de férias e Natal em duodécimos», precisou Jerónimo de Sousa.

Perante uma plateia que já não cabia na sala da Coobital, obrigando a direccionar algumas colunas de som para a rua para que ninguém perdesse a iniciativa, o Secretário-geral do PCP prosseguiu a denúncia da política de agressão e regressão sócio-económica imposta pelo executivo PSD/CDS, salientando medidas inscritas no Orçamento como «os cortes nas pensões e no 13.º mês, os roubos nos salários e subsídio de Natal, a redução dos apoios sociais no desemprego, doença e velhice, os cortes nos serviços públicos com repercussões cada vez mais graves no seu funcionamento, nomeadamente na saúde e educação».

Tudo somado e acrescido aos cortes no investimento público, estamos perante «um novo atentado imposto à margem da Constituição e a que Cavaco Silva deu cobertura». Caminho ruinoso que se repercutirá na continuada degradação das condições de vida dos trabalhadores e das populações e no aprofundamento da recessão económica, desastre que «as recentes previsões do Banco de Portugal confirmam, deitando por terra as manipuladas previsões governamentais».

Grande capital engorda

«Entretanto, enquanto o povo é massacrado, o grande capital continua a engordar», acusou o Secretário-geral do PCP, exemplificando com «o recente caso do Banif – um novo BPN – com o Estado a garantir mais 1100 milhões de euros», ao qual se juntam «as operações financeiras do BCP e BPI, três bancos que à sua conta levam mais de 6,5 mil milhões de euros». Se acrescentarmos a fraude do BPN, «que tudo indica que vai custar entre cinco e sete mil milhões de euros», fica evidente que este é «um governo com uma política ao serviço da acumulação de lucros da banca e dos grupos económicos», camarilha que se consolida como «um sorvedouro de recursos públicos», dos «milhões que o povo adianta e paga».

«Para os que querem fazer acreditar que o País vai resolver os seus problemas com esta política e este Governo, bastaria pôr os olhos no relatório do FMI, nesse dito programa de refundação do Estado, combinado entre o Governo e a troika estrangeira para dar continuidade ao pacto de agressão.

«Um programa brutal de cortes de quatro mil milhões de euros nas funções sociais do Estado, um novo e brutal ataque aos rendimentos dos trabalhadores, destruição de direitos sociais essenciais à vida do povo, um colossal saque aos recursos e à riqueza nacional», considerou Jerónimo de Sousa.

«Disse Fernando Ulrich, do BPI, no preciso momento em que apresentava lucros de mais de 200 milhões de euros, que os portugueses aguentam tudo o que está a ser imposto e mais ainda. É assim que os donos do País pensam. É assim que pensa o Governo que os serve», referiu o dirigente comunista, que concluiu que «é preciso acabar com esta política e com este Governo».

Por isso, insistiu, «a nossa luta não pode parar. Luta contra o pacto de agressão, contra as medidas de brutal austeridade de afundamento da vida dos portugueses».

Luta à qual o PCP chama os trabalhadores e o povo em defesa dos seus direitos, tornando «mais próxima a possibilidade de construção da alternativa, dando força à exigência de demissão do Governo do PSD/CDS com a devolução da palavra ao povo, em eleições antecipadas, (…) saída legítima e necessária para interromper o caminho ruinoso em que segue o País».

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Pacto da desgraça

Quase dois anos após a assinatura do pacto de agressão pelo PSD, CDS e PS, Portugal encontra-se mergulhado na desgraçada. Os dados não deixam margem para dúvidas, e o Secretário-geral do Partido salientou alguns, divulgados pelo Banco de Portugal, referentes ao saldo acumulado desde 17 de Maio de 2011 e às estimativas até ao final de 2013.

  • O PIB vai registar uma queda acumulada de pelo menos 7,2 por cento

  • A queda do investimento totalizará 41 por cento

  • O Consumo Privado desce 14 por cento e o Consumo Público 11 por cento

  • A Procura Interna cai 17,5 por cento

  • O desemprego em sentido lato atingirá cerca de um milhão e 500 mil pessoas

  • O número de portugueses abaixo do limiar da pobreza, com a redução dos apoios sociais, atingirá bem mais que dois milhões de portugueses

Alternativa patriótica
e de esquerda

Para inverter a actual situação, destacou igualmente Jerónimo de Sousa, o PCP «dirige-se a todos os portugueses, às centenas de milhares de patriotas, democratas, trabalhadores, às organizações sociais e de massas, a todos os que sofrem e sentem as consequências desta política e que sabem que é tempo de lhe pôr termo (..), afirmando que está na mão do nosso povo, na sua luta, na sua identificação com os valores de Abril, construir uma alternativa política e uma política alternativa, patriótica e de esquerda» que:

  • Rejeite o pacto de agressão e imponha a imediata renegociação da dívida nos seus prazos, montantes e juros

  • Promova a produção nacional, crie emprego, valorize o trabalho, os trabalhadores e os seus direitos, e garanta uma justa distribuição da riqueza criada

  • Rompa com o escandaloso favorecimento financeiro e fiscal ao grande capital económico e financeiro

  • Coloque a administração e os serviços públicos ao serviço do País e capazes de garantir os direitos à educação, saúde e protecção social

  • Recupere para o Estado o comando democrático da economia, pondo fim às privatizações, assegurando a nacionalização da banca e o controlo público das empresas e sectores estratégicos

  • Liberte Portugal das imposições supranacionais, contrárias ao interesse do desenvolvimento do País



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