Lutar por uma política patriótica e de esquerda
Um desfile de protesto pelas ruas do Porto deu início à nova campanha nacional do PCP, intitulada «Por uma Política Alternativa, Patriótica e de Esquerda». Foi ao final da tarde do dia 24 que muitas centenas de pessoas se concentraram na praça da Batalha e desfilaram até à Rua da Santa Catarina, num protesto contra o aumento do custo de vida, que neste início de ano afecta o povo português de forma inaudita.
A política do Governo e da troika só serve os ricos e poderosos
A campanha do Partido – que tem como objectivo central afirmar as conclusões do XIX Congresso – foi traduzida na faixa que abria o desfile, onde se podia ler «Contra o aumento do custo de vida – rejeitar o pacto de agressão. Por uma política e um governo patrióticos e de esquerda». O encerramento da iniciativa esteve a cargo do Secretário-geral do PCP, que começou por abordar os problemas que tornam a vida dos portugueses num «autêntico martírio». O ano de 2013, salientou Jerónimo de Sousa, «começa com um brutal agravamento do custo de vida»: nos transportes, na energia, no gás, na alimentação, nas propinas, sendo acompanhado de um novo roubo nos salários e nas pensões dos trabalhadores graças ao aumento brutal dos impostos que «agravará ainda mais a exploração, o empobrecimento, o saque aos rendimentos dos que menos têm».
«Entretanto» – continuou – «o grande capital continua a engordar, com um Governo e uma política ao serviço da acumulação de lucros da banca e dos grupos económicos». Exemplificando, o dirigente comunista referiu os cinco mil milhões de euros oferecidos ao BCP e ao BPI e os 1100 milhões dados ao BANIF, «o novo BPN que o povo vai pagar», entre outros casos igualmente escandalosos.
Abordando em seguida o «programa de terrorismo social» do Governo PSD/CDS, combinado com a troika estrangeira, o Secretário-geral do Partido destacou o rol de medidas que reduzem as prestações sociais e o acesso à educação e à saúde e o ataque aos trabalhadores da Administração Pública, para de seguida considerar que os interesses deste Governo e da troika são «insaciáveis»: as novas portagens que o Governo pretende implementar, numa altura em que o desemprego registado na região Norte do País está bem acima da média nacional, é um exemplo destas «medidas sem justificação, que constituem mais um atentado penalizador da vida das gentes do Norte».
O País não aguenta mais!
Após garantir que o País não aguenta mais este rumo para o desastre, Jerónimo de Sousa afirmou que «é preciso derrotar este Governo e esta política para garantir um futuro digno para o País». Para tal, precisou, há que romper com o «ciclo vicioso em que nos enredaram: mais austeridade, mais recessão, mais défice, mais austeridade». É precisamente para contribuir para isto que o PCP lançou nesse mesmo dia uma nova campanha nacional, intitulada «Por uma Alternativa Política, Patriótica e de Esquerda» (da qual o desfile do Porto foi a primeira acção), que tem como objectivo central afirmar a necessidade de pôr fim a «este caminho de desastre nacional» e empreender uma política patriótica e de esquerda, «uma política de que o PCP é portador», explicitou o Secretário-geral do Partido.
Caracterizando-a, Jerónimo de Sousa adiantou as suas tarefas prioritárias: rejeitar o pacto de agressão; renegociar a dívida pública; promover o desenvolvimento económico; criar emprego; valorizar o trabalho e os trabalhadores; promover uma mais justa distribuição da riqueza, alterando as políticas financeiras e fiscais rompendo com o favorecimento do capital económico e financeiro; garantir o direito à protecção social dos portugueses; pôr fim às privatizações e nacionalizar a banca. Medidas estas, garantiu, que têm o objectivo de assegurar a «libertação do País das imposições supranacionais», contrárias aos seus interesses.
O Secretário-geral do PCP referiu-se ainda às 12 medidas urgentes apresentadas na véspera na Assembleia da República (ver página 9) como exemplo de propostas concretas que, para além das medidas estruturais que o PCP defende, visam repor o que foi roubado a centenas de milhares de portugueses. Em jeito de conclusão, o dirigente do PCP afirmou que é preciso garantir um governo para concretizar tais objectivos – questão que se irá colocar quando for dada a palavra ao povo em novas eleições. Aí, garantiu, não se tratará de «repetir o que tem sido feito ao longo de mais de 34 anos», pois «não é de alternância que o povo precisa».
A campanha do PCP continua até Maio e nas múltiplas acções que serão levadas a cabo – comícios, sessões, tribunas públicas e acções de rua – os comunistas continuarão a apelar à luta de todos quantos estão genuinamente empenhados em romper com a política de direita e levar por diante a concretização de uma política alternativa, patriótica e de esquerda.