Professores e alunos protestam no Chile

Pela escola pública

Do­centes e alunos con­cen­traram-se, a se­mana pas­sada, em San­tiago do Chile, para de­nun­ci­arem uma nova vaga da ofen­siva go­ver­na­mental contra a es­cola pú­blica.

Estão em causa 30 mil em­pregos no sector

A ini­ci­a­tiva con­vo­cada e par­ti­ci­pada por pro­fes­sores, alunos e pais, teve como ob­jec­tivo alertar para o en­cer­ra­mento ime­diato de 24 es­ta­be­le­ci­mentos pú­blicos em seis mu­ni­cí­pios, mas para o pre­si­dente do sin­di­cato dos pro­fes­sores isso é apenas o início de um plano mais abran­gente que o go­verno e as au­tar­quias pre­tendem aplicar.

Neste mo­mento, ex­plicou Jaime Ga­jardo, ci­tado por agên­cias no­ti­ci­osas, é evi­dente que a partir do pró­ximo mês de Ja­neiro es­tarão em causa cerca de 30 mil postos de tra­balho no sector, assim como o fu­turo de de­zenas de mi­lhares de alunos.

O ar­gu­mento para o fecho das es­colas apre­sen­tado pelos mu­ni­cí­pios, res­pon­sá­veis pela gestão do en­sino bá­sico e se­cun­dário no Chile, é o de que aquelas apre­sentam baixas taxas de frequência e são de­ma­siado dis­pen­di­osas. Re­pre­sen­tantes dos alunos sus­tentam, por seu lado, que esta é uma questão po­lí­tica re­la­ci­o­nada com o mo­delo de fi­nan­ci­a­mento e a pro­moção da ini­ci­a­tiva pri­vada.

No Chile, as es­colas pú­blicas re­cebem 88 dó­lares por dia por cada aluno, mas só no caso dos dis­centes as­sis­tirem a todas as aulas. Ora, a dis­tância entre a casa e a es­cola e fac­tores sócio-eco­nó­micos con­tri­buem para o re­gisto de ele­vadas taxas de abs­ten­ci­o­nismo con­tínuo ou in­ter­ca­lado, o que, por sua vez, conduz ao sub­fi­nan­ci­a­mento dos es­ta­be­le­ci­mentos, facto ao qual acresce a au­sência de po­lí­ticas lo­cais de in­cen­tivo e fa­ci­li­tação da frequência, acu­saram re­pre­sen­tantes dos alunos ou­vidos pelas mesmas fontes.

Nos úl­timos 30 anos foram en­cer­rados 250 es­ta­be­le­ci­mentos pú­blicos no Chile, mas, em sen­tido con­trário, foram cri­ados mais de 2500 es­ta­be­le­ci­mentos par­ti­cu­lares, a mai­oria sub­ven­ci­o­nados pelo Es­tado.

A Or­ga­ni­zação para a Co­o­pe­ração e o De­sen­vol­vi­mento Eco­nó­mico (OCDE) cal­cula que o Chile é o país que menos con­tribui para os ní­veis Bá­sico e Se­cun­dário, com ín­dices de 37 e 28 por cento, res­pec­ti­va­mente, da média dos fundos in­ves­tidos pelos de­mais mem­bros.

A OCDE afirma ainda que o en­sino Su­pe­rior pri­vado re­pre­senta 85 por cento do sis­tema e que 70 por cento dos alunos são obri­gados a re­correr a em­prés­timos ban­cá­rios para pagar os es­tudos, e es­tima que a frequência uni­ver­si­tária no Chile seja a se­gunda mais cara e de­si­gual do mundo.



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